Qualidade de vida - por Ymma Martins

Jornal O Norte
Publicado em 16/06/2008 às 11:26.Atualizado em 15/11/2021 às 07:35.

Ymma Martins



O ar puro da natureza e de vida veio forte nos meus pulmões, fazendo com que respirasse ofegante. Podia sentir os raios do sol sob a minha pele e o cheiro forte e verde do campo coberto de um tapete lindo e natural.



Posso imaginar cenas gravadas no meu cérebro quando criança, de minha adolescência e de momentos inesquecíveis, como flashes.



Naturalmente não possuo falsa modéstia nem mesmo esnobismo da simplicidade, como é moda nos dias de hoje. Viver em contato direto com a natureza é, na verdade, para poucos.



É muito gratificante olhar em sua volta e ver o movimento das formigas e tentar entender qual e o diálogo que elas mantêm, e saber que escorregam pela terra conversando. Diálogos pequenos e nervosos.



Ver as abelhas carregando nas suas patas pequenos pontos da cor de ouro.



Ver os micos subindo nas árvores se protegendo dos cachorros.



O micos estrela dando sinal a sua tribo, avisando que tem alimento nas árvores.



Os pássaros formando os seus ninhos, criando outras vidas para me acordar no amanhecer com uma sinfonia que nenhuma orquestra pode imitar.



Olhar o céu azul quando de tarde para acompanhar as nuvens formando figuras imaginárias.



E, quando chove, é fantástico ver o barulho da chuva caindo sobre as folhas, ver a terra encharcada, os raios e os trovões no céu, como se fosse uma batalha.



Saber que vira o sol e nascerão flores silvestres e lírios nativos.



Sentir o sabor das frutas como elas são naturalmente, sem sabor de remédio.



Saber que, em todas as manhãs, quando o sol aponta atrás das montanhas, o galo anunciará e terei ovos frescos para fortalecer o café da manha.



É muito difícil ter doença, pois é tudo natural, e a própria natureza cura, mesmo sendo por momento pequeno, mas de muita valia.



E, quando chega a noite, quando vejo os últimos raios tocando a minha face, vem o canto dos pássaros querendo se alojar para a noite chegar. Aparece uma música noturna que somente no escurecer dá para ouvir.



É simplesmente inacreditável.



Fico imaginando quando o tempo passar bastante, eu bem velha, sem os meus dentes, com dores da idade...



Somente me restará a lembrança de saber que estará mais perto do meu fim, pois o meu corpo não dará mais conta de ficar em pé, e os meus olhos, com uma sonolência contínua, fecharão a todo instante. Mesmo assim estarão na minha memória momentos vividos e revividos na melhor época da minha vida, em contato direto com a natureza.



Agradeço por ter todos os sentidos e poder usá-los, fazendo eternamente parte da natureza.

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