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Sábado,8 de Fevereiro

Puxão de orelha

Jornal O Norte
Publicado em 16/04/2010 às 09:28.Atualizado em 15/11/2021 às 06:26.

Alberto Sena *



Com todo o respeito que merecem a figura e o posto ocupado por ele, ainda assim, daqui deste mirante da Serra do Curral, ouso dar um puxão de orelha no prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite, mesmo sendo ele fisicamente mais alto que eu.



Prefeito Tadeu, como você deixa a Praça Coronel Ribeiro de tantas lembranças e histórias mil, se acabar assim, fim tão melancólico?!



E aproveito a seção de puxão de orelha para puxar também a orelha dos montesclarenses presentes, que veem a Praça Coronel Ribeiro se acabar e não reagem. Afinal de contas, quem paga as contas aí é a própria população, que votou no prefeito e ele cobra o IPTU de todos. Ou não?



A seção de puxão de orelha se estende também à mídia de Montes Claros, que, a esta altura do campeonato, quero dizer, da quase-morte da Praça Coronel Ribeiro, não se empenhou numa campanha ferrenha a fim de mostrar que tem força para fazer com que a Prefeitura aplique injeção vital e evite o mal, o fim do logradouro, tamanha a sua importância.



Não há montes-clarense presente ou ausente que não tenha alguma história, algum caso para contar tendo como cenário a Praça Coronel Ribeiro e os seus antigos bancos. Para mim, em todos os lugares, indeléveis lugares, ainda há impressões digitais minhas. E algum dos meus fantasmas ainda deve circular por lá achando que tempo há de pegar uma seção épica das fitas de então.



Se cada montesclarense que lê este texto fizesse de fato algo para ajudar a salvar a Praça Coronel Ribeiro, o prefeito Tadeu estaria frito. Quero dizer, ele não teria alternativa outra senão tornar ativa a praça, se possível, ainda com mais graça, mais charme e muita flor.



Se não tiver quem defenda a memória da cidade, trágicos serão os fins e os meios de outros lugares, lugares importantes da cidade, Montes Claros vibrante. Fala a voz da consciência. E todos devem saber: consciência não é patrimônio particular de ‘seu’ ninguém. Consciência está em toda cabeça. Mesmo nas cabeças que a relevam.



Imaginem vocês, se Mário Ribeiro, que durante décadas foi dono do Cine Coronel Ribeiro, ali na praça; imaginem se ele fosse vivo. Eu não acredito que Mário deixasse isto acontecer, sem antes fazer o maior barulho.



E se também fosse vivo o irmão dele, Darcy Ribeiro, aquela metralhadora humana, que atirava palavras? Ora palavras como rosas, ora eram como facas ou espadas de dois gumes, afiados?



Será que Darcy iria engolir esta: ver a Praça Coronel Ribeiro se esvair como um trapo de gente. Ele, que possuía enorme amor à memória e ao ser humano? Qual seria a reação dele ao ver a praça se esvair diante de todos, sem que nada façam para evitar o melancólico fim?



Ora, com efeito – assim reagiria mãe, Elvira – quando apanhava algum de nós fazendo traquinagem. Será que o prefeito Luiz Tadeu Leite, que pelo visto e ouvido, quer eleger o filho deputado estadual, está preocupado e ocupado com outras coisas que não tem tempo de dar uma espiada na Praça Coronel Ribeiro para, enfim, resgatá-la?



Eu não acredito que este apelo feito daqui de riba dessa Serra do Curral será em vão. E desde já invoco homens como Cândido Canela – vem, Cândido, venha ver poeta, no ano do seu centenário, o que o prefeito Tadeu não está fazendo para resgatar a Praça Coronel Ribeiro.



Vem cá, Hermes de Paula, você que nos deixou uma grande história, venha tomar conhecimento – veja se tem cabimento a Praça Coronel Ribeiro desse jeito, para vergonha, nossa?!



Ô João Valle Maurício, você que morou a poucos metros da Praça Coronel Ribeiro, na Rua Dr. Santos, você deixaria acontecer tamanho desprezo a um logradouro deste, se vivo fosse?



Pelo que sei – e pelo que ouço – só nos resta apelar para os grandes montesclarenses que já se foram para que, em uníssono, estejam onde estiverem, gritem bem alto, no pé do ouvido do prefeito Tadeu:



Mova-se, homem, mostre que tem sensibilidade, resgate a Praça Coronel Ribeiro, mostre esmero!!!



* Alberto de Sena Batista é de Montes Claros. Começou no Jornalismo aos 17 anos, na Redação do “O Jornal de Montes Claros”. Foi de repórter até editor no Jornal “Estado de Minas” nas editorias de Agropecuária, Abastecimento, Meio Ambiente e Economia. Trabalhou no “Hoje em Dia” e na “Gazeta Mercantil”. Tem Prêmio Esso de Jornalismo (Direitos Humanos) e Prêmio Fenaj de Jornalismo (Meio Ambiente). Como repórter rodou o mundo. Fez duas vezes – a pé – o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

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