Leila Silveira *
Ao longo desses anos dedicados ao magistério, e especialmente durante as disciplinas e preparação da dissertação de mestrado em educação, venho refletido muito sobre nosso atual modelo de aprendizado.
Uma das conclusões que já tenho convicção é a de que gastamos “muito e mal” nesta área.
Não estou falando das aplicações e utilizações financeiras e sim me referindo ao conteúdo e ao modelo de ensino em si, praticado no Brasil, adotado há séculos espelhados em modelo europeu desassociado da realidade sócio-econômico do País.
Se pensarmos um pouco, vamos concluir que para um jovem razoavelmente estruturado familiar e financeiramente (o que é a grande minoria), serão necessários quase vinte anos de vida escolar para se graduar e candidatar-se com alguma chance no concorrido mercado de trabalho e conquistar a tão sonhada oportunidade!
Convenhamos: é muito tempo de dedicação aos bancos escolares ...
Com isto não quero dizer que eles não sejam importantes, ao contrário, são parte vital para a compreensão e a interação com a realidade, mas precisão ser repensados.
O que me preocupa mais é que cada vez mais estamos aumentando a carga horária (de 180 passamos para 200 dias letivos, os estudantes não tem mais férias de julho, apenas recesso e já se fala em pré-horários) e paralelamente percebemos os sinais notórios de declínio e falência da qualidade do ensino em todos os níveis.
Mas hoje quero tratar de algo que vou chamar de desenvolvimento “auto”-tecnológico pessoal...
O ser humano é por natureza um ser “relacional”... Em qualquer ambiente, profissão, família, religião, partido político, celebrações, rituais, compromissos, desafios que por ventura escolhemos e/ou praticarmos haverá gente. E “gente” é igual em qualquer país deste Planeta!
Portanto a melhor especialidade que deveríamos aprender, é saber lidar com gente!!! Lidar com gente é saber lidar com o ser humano, é saber lidar principalmente com a imperfeição, com os erros, com os defeitos, inerentes a nossa própria essência.
Lidar com gente é conviver com as diferenças, é aceitar o outro como uma identidade única, semelhante e fraterna, é principalmente conhecer a si próprio nas suas habilidades, fragilidades.
Com isto portanto acredito que a disciplina que falta nas grades curriculares é a de educação emocional, o que sem sombra de dúvida é algo diferente de “controle emocional”, (que parece que você reprime suas emoções e pode descontrolar-se a qualquer momento).
Mas como não dá para ficar esperando ..... está na hora de começarmos a investir em nossa auto-tecnologia pessoal e nossas habilidades de convivência e de relacionamento devem ser nossa prioridade maior .
E a 1ª lição e a mais importante (parece simples, mas não é fácil) é começar a se enxergar por dentro, começar a si ver como um ser único, mas integrante dos humanos, portanto fadado a errar, aprender e recomeçar de novo, quantas vezes for necessária.
Outro aspecto não menos importante da “auto”-tecnologia pessoal, é saber conhecer e identificar o que você mais domina, o que você tem mais facilidade, que mais lhe fascina e procure ser o melhor que puder naquilo que você possua mais habilidade, pois sendo assim se sentira tão bem com você mesma(o)que estará pronta(o) para superar suas fragilidades.
De novo: ninguém é perfeito, nem bom-em-tudo!!!
Não perca mais tempo! Comece hoje mesmo.
Saiba que ter erros em seu currículo é um fator positivo, pois significa que você tentou!
Evite apenas repetir os mesmos erros.
Seja um craque naquilo que você tem de melhor, melhore sua auto-imagem e conquiste o mundo!
Como anunciei na semana passada, vamos continuar explorando nossas alavancas existenciais. Semana passada foi auto-competição e na próxima semana abordarei a auto-estima.
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
leilasilveira@bol.com.br