Psicologia: Reflex-ação - por Leila Silveira

Jornal O Norte
Publicado em 11/10/2007 às 16:28.Atualizado em 15/11/2021 às 08:19.

Leila Silveira *



Muito se tem falado ultimamente das “doenças do nosso tempo”, especialmente sobre a “bi-polaridade”, que já afeta mais de 15 milhões de brasileiros hoje em dia.



Sem querer voltar ao assunto (já abordado recentemente), nem querer falar especificamente sobre a doença (e seus sintomas), queremos só aproveitar o “gancho” que ela nos permite para tecer algumas considerações mais otimistas em torno do tema, que se aplicam a todas as pessoas, mesmo não sendo do espectro bipolar.



Na realidade o que quero refletir hoje com vocês é sobre o mundo ser bipolar... Nasceu (foi criado assim....): Céu e Inferno; dia e noite; masculino e feminino; bem e mal; fogo e água; interno e externo; côncavo e convexo; ordem e caos; guerra e paz; corpo e alma; dor e alegria; ter e ser...



O ser humano convive com esta dualidade desde que nasce, quando é obrigado a abandonar a vida segura e feliz do útero materno, e já começa a ter de fazer escolhas cada vez mais difíceis e complexas ao longo de sua vida, trazendo-lhe dor e prazer, paz e inquietação, felicidade ou insatisfação...



É claro que como “doença”, a bipolaridade tão logo seja detectada, deve ser encarada como um problema médico, e tratada em todos os seus aspectos, inclusive aqueles normalmente associados como tristeza, depressão, agressividade e demais transtornos psíquicos.



O que, porém, quero considerar é que muitas pessoas ás vezes se ‘escondem” atrás da “doença” para justificarem e prolongarem certos comportamentos nocivos a vida, auto-destrutivos, e “paralisantes”, como a acomodação, o “papel de vitima”, a superstição e o comodismo.



Mesmo com a doença, é preciso REAGIR, é preciso montar uma estratégia , ter vontade de não se entregar !



Além disso, num segundo momento, começar até a tirar algum proveito desses sintomas, dessas ocorrências, deste modo de se comportar, “explorando” os  aspectos desfavoráveis de cada circunstância, já que tudo na vida pode ser positivo ou negativo, dependendo da forma como o encaramos.



Os  bi-polares  normalmente são pessoas sensíveis , dinâmicas e criativas que (como  grandes personalidades , artistas e pensadores famosos de nossa história) têm muito a contribuir ao meio em que vivem e seus respectivos relacionamentos.



Para isto, basta que desenvolvam um artifício, um dispositivo, um “gatilho” que o obrigue a “contrariar” o sintoma da doença, que normalmente o levaria a euforia exagerada ou a uma depressão profunda, quando não a ambas, com todos os seus possíveis escalonamentos intermediários entre esses dois extremos.



A “euforia” desmedida nos “episódios de AÇÃO” é a mais perigosa no dia-a-dia, pois, é menos “percebida” por nós, e portanto mais desastrosa, na medida que não ficamos prevenidos contra ela. Quando a irritabilidade, a impaciência e a agressividade afloram... é fundamental o uso da REFLEXÃO!



Vale tudo nesta hora para “esfriar” o acelerado animo....Contar até dez, meditar, caminhar, correr, sair mais cedo do trabalho, tomar remédio, conversar com os amigos e familiares sobre...., prevenir os colegas e o chefe ..., orar ou tirar um dia de folga.



A “depressão”, que normalmente sucede os episódios de mania, é mais fácil de lidar na medida que é “percebida” claramente já em seus sintomas iniciais e exige recolhimento,choro,“parar-com-a-vida”, entristecimento, “fuga-de-tudo-e-de-todos”, lamento e desanimo geral, só querendo pensar, divagar, REFLETIR...



Aí está na hora de acionar o “outro gatilho”, ou “inverter” o anterior, de modo a quebrarmos com “movimentos”, atos e ações concretas a tendência paralisante, a morbidez embriagadora que tende a tomar conta do corpo (e da alma) e até  transformar  a pessoa em um “farrapo” humano.



De novo, temos que REAGIR, e nessa hora também vale tudo: exercícios, caminhadas, “faxina-na-casa”, culinária, “lavar-o-carro”, ir ao cinema, ao shopping, enfim fazer atividades externas que te exponham à Realidade, que “arejem”  , afugentando a sombra que ameaça lhe amordaçar o corpo e consumir seu espírito. Neste período “pré-deprê” , o lema é exatamente o inverso do anterior : AJA, depois pense!



Parece simples mas não é nada fácil. Por isto é que disse no inicio que é preciso “desenvolver” estratégias, o que só se consegue com muito treino e persistência. Com o tempo vai se adquirindo (e “automatizando”) estas proteções, estes artifícios, que batizei no titulo deste artigo como “REFLEX-AÇÃO”.



Na realidade quero mais uma vez reafirmar que as soluções para os nossos problemas estão dentro de nós mesmos, bastando que aprendamos a “clickar” nos botões certos (na hora certa”) que controlam nossas emoções e pensamentos, nossos hemisférios direito e esquerdo, nossa razão e imaginação, ser e ter, cérebro e coração, respeitando o momento de cada um, e “dando-uma-força”  quando um deles mais combalido, “desequilibra” nossa harmonia, graça e alegria de viver!



Busque portanto sempre o equilíbrio!



A verdade está sempre no meio-termo!



Desenvolva sua REFLEX-AÇÃO!



* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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