Psicologia: O auto-querer - por Leia Silveira

Jornal O Norte
Publicado em 01/10/2007 às 15:44.Atualizado em 15/11/2021 às 08:18.
Leila Silveira *

Retomando a nossa série “Alavancas Modernas” iniciada há três semanas atrás em que venho com vocês refletindo sobre nossas “alavancas” existenciais, não consegui segurar a ansiedade e expectativa para falar  de uma das ferramentas que mais me atraem, e que considero entre todas (senão a mais importante) como a minha favorita.



Refiro-me o que classicamente denominamos de “auto-estima”, que você pode dar o nome que lhe parecer mais atraente e sugestivo, mas que no fundo retrata, mede e determina nossa real condição, nosso estágio atual como “aprendizes-de-ofício-da-arte-do-amor”, tais como carpinteiros pacientes, a esculpir em cada um, em cada detalhe, sua própria obra-prima interminável e passível de melhorias.



Nosso “autoquerer” é um aspecto sutil, uma estratégia fundamental, um recurso vital não só para nossa sobrevivência no mundo corporativo, mas também como o tempero para tornar a vida  mais saborosa e descontraída.



Como nosso “autoquerer” tem suas raízes nas primeiras relações estabelecidas com nossos pais, desejo chamar a atenção tanto para os prejuízos que a superproteção causam nos filhos , como para a ausência de proteção, podendo acarretar no futuro, oscilações entre a mais fechada timidez até o comportamento rebelde e autodestrutivo, origem de muitos sofrimentos.



Para aumentar nosso “autoquerer” é fundamental desenvolver nosso autoconhecimento, gostar da imagem refletida no espelho, identificar as qualidades(e não só os defeitos) aprender com a experiência passada, tratar-se com amor e carinho, ouvir a intuição (o que aumenta a autoconfiança),  ficar ligado em seu diálogo interno, acreditar que merece ser amado (a) e é especial,  fazer todo dia algo que o (a) deixe feliz.



Esta (a felicidade), sem dúvida, no fundo de nossas almas, é o grande objetivo e nosso maior desafio em nossa curta temporalidade terrena.



Tenho ouvido de clientes, amigos, alunos e conhecidos que desejam muitas coisas, dentre elas, querem ser amados, casar,  ter filhos, uma boa casa, um carro lindo, uma profissão,  afeto, dignidade, qualidade de vida, espiritualidade, férias maravilhosas, viagens inesquecíveis, relacionamentos saudáveis  e segurança. 



Tudo isto é o óbvio e consta da agenda de todos nós, embora a grande maioria (tendo ou não alcançado tais objetivos) não se “sinta” realmente feliz!



Atrás de todos estes infortúnios visíveis e destas “insatisfações” permanentes, escondem-se certas crenças adquiridas com os pais e escola, que determinam e acabam por “provocar” tais resultados na fase adulta.



A 1ª delas, muito divulgada nos remete à não tão verdadeira crença do “querer é poder!”



Não há nada de errado em querer, ou querer muito, demais até!...Você pode e deve querer (e “batalhar” para...) tudo o que almeja na vida...Existem, porém, apenas dois problemas aí: o primeiro é querer “depressa” demais, “atropelando” o fluir natural da vida, “queimando” etapas, enfim, comendo “verde” o que ainda está para amadurecer. O segundo aspecto, e não menos importante, é se apegar demais a estas “metas”, condicionando sua saúde psíquica, sua alegria, seu bem-estar, sua tranqüilidade, sua espiritualidade, às suas absolutas concretizações, como se estes fossem realmente o seu principal objetivo nesta vida.



É a chamada “ditadura-do-TER” em detrimento do prazer de SER ou ESTAR!



Na minha opinião, ninguém em fase adulta, deveria se consentir viver sem estar 100% consciente de três fundamentos psicológicos básicos, para uma existência feliz: o primeiro é que somos “humanos”, e como tais, propensos a erros e imperfeições. O segundo é que independente desses erros, somos criaturas únicas, autônomas, maravilhosas, criativas, nascidas “do/com/para” o amor, e destinadas à felicidade!  O terceiro (conseqüência direta do anterior) é que EU SOU digno (a) de todo o “auto-amor”, de toda “auto-aprovação”, apesar de minhas limitações. Elas inclusive são quem devem inspirar nosso aprendizado, nossa trajetória, nossa construção, tijolo a tijolo, nos protegendo, nos consolando, nos perdoando, nos lapidando...



Como seres grupais, o principal termômetro destas virtudes está na verdadeira aceitação do outro. Orgulho, preconceito, discriminação de qualquer tipo sinalizam não só uma dificuldade em aceitar as diferenças e os diferentes, mas principalmente em se aceitar a si próprio, na essência de sua própria diversidade, com ser único, e também imperfeito, mas ainda assim (e principalmente por isto) uma obra divina e inacabada de Deus.



No fundo e já concluindo esta reflexão, a baixa auto-estima é conseqüência desta “auto-aversão” ao ser humano (a nós mesmos), é o resultado do “perfeccionismo” que nos ilude e amordaça, é o efeito devastador da postura supersticiosa (da culpa, do medo, do remorso, do rancor, da mágoa, do “pecado”), é o fruto do descaso com que lidamos com nossas emoções, do rigor com que “punimos” nossos tropeços, da frieza na qual teimamos em “congelar” nossos mais nobres, reais e verdadeiros sentimentos.



ALAVANQUE-SE HOJE MESMO!



FAÇA AS PAZES COM SEUS MALES!



VOCÊ É UM PRODUTO ÚNICO DE SEUS DEFEITOS E QUALIDADES!



DEIXE A VIDA TE FAZER FELIZ!



VOCÊ TEM ESTE DIREITO!



* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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