Leila Silveira
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Dando continuidade a nossa série sobre ergonomia das cores, recordo aos queridos leitores que enquanto a fisiologia pesquisa os mecanismos de percepção das cores a psicologia vai estudar seus efeitos sobre as emoções das pessoas.
“Quem usa vermelho não teme a morte!” Desde a 1ª vez que ouvi isto de um famoso antropólogo durante um treinamento anos atrás, tenho meditado a respeito, já que a frase de impacto me pegou de surpresa e sinceramente sem entendê-la na sua essência.
Como tudo que nos impacta, nos impressiona e causa estranheza e curiosidade a frase nunca mais foi esquecida ou relegada a um segundo plano. Vira-e-mexe me surpreendia pensando nela e tentando entender seu significado.
De tanto pensar sem chegar a uma conclusão um dia resolvi deletá-la de minha cabeça, sob a alegação de que seria uma bobagem, coisa de instrutor de curso...
Um dia analisando um teste chamado “Rorschach” aquele das pranchas com manchas escuras e vermelhas, é que “compreendi” a profundidade e o conteúdo da expressão que durante tantos anos havia investigado em vão. Hoje entendo perfeitamente o sentido e a sabedoria daquela afirmação.
Vermelho é e sempre foi uma cor vibrante, “quente” e revolucionária.
Os reis e majestades sempre utilizavam o vermelho em suas vestes, bandeiras e indumentárias para “passar” a impressão de poder, de temor, de superioridade, de riqueza, de força ao povo oprimido, submisso e temeroso.
Vermelho é a cor da sedução, utilizado entre nove das dez musas femininas do Planeta, quando querem conquistar, impressionar, extasiar e “deixar maluca” a platéia masculina.
Vermelho transmite vida, entusiasmo, afinal é a cor do sangue, o elemento vital da frágil existência humana, símbolo de sua vitalidade e saúde.
Neste aspecto o vermelho que aquece o nosso coração, simboliza o sentimento mais nobre que é capaz de sentir o ser humano, essência alias de qualquer existência aqui na Terra. Estou claramente me referindo ao amor, ao romantismo, ao encontro afetivo-sexual de duas criaturas no anseio de se completarem, sentir prazer, dividirem suas aspirações, formar uma família, ter filhos!...
Voltando agora à frase inicial e ao teste mencionado, sabemos que traços de esquizofrenia serão detectados pelas figuras (manchas) vermelhas estipuladas nas placas desenvolvidas pelo mestre e psicanalista Herman Rorschach.
O esquizofrênico ou todos neuróticos em determinados momentos de nossa existência (por medo, trauma, crenças, inseguranças) nos comportamos como tal vemos no vermelho das placas, das roupas, dos carros, das pinturas, enfim como um tormento, como um sofrimento, tortura, violência, algo ruim que pode provocar pavor, angústia e percepção da morte...!Por isso em algumas circunstâncias, o vermelho é a ameaça, é a desgraça, é o “sangue derramado”...
Vermelho como a bela música interpretada entre outras cantoras por Fafá de Belém é uma cor política, muito usada estrategicamente pelos partidos de esquerda, devido ao seu apelo e identificação popular, além de projetar um carisma de luta, rebelião, inconformismo e vigor revolucionário.
O vermelho para mim é o amarelo que “deu certo”, que amadureceu que “pegou fogo”. É o sol incandescente, é a luz da fogueira, é a boca da fornalha.
Não é à toa, porém que o pecado, o mal, sempre foi associado astutamente pela Igreja ao vermelho, na tentativa de manter a legião de fiéis sob o controle, sem se deixar levar-se aos abusos do sexo e da luxúria...
Vermelho é Marte, é fogo, é paixão que nada teme, é pimenta “malagueta” que arde feliz nos corações dos amantes da vida, dos desafios e das realizações.
O vermelho é uma cor forte, definida, influente, alegre, “poderosa”, sensual, ideal para celebrar a vida, a conquista, a felicidade, deve ser usada moderadamente, excita o SNC (sistema nervoso central) atua na vitalidade, mas em quantidade gera estresse, tornando as pessoas predispostas a discussões.