Psicologia e comportamento: Série Ergonomia das cores - Verde - por Leila Silveira

Jornal O Norte
Publicado em 10/03/2008 às 11:29.Atualizado em 15/11/2021 às 07:27.


Quando Noé após 40 dias de dilúvio generalizado e incessante, soltou a primeira pomba (que não voltou) e a segunda que lhe trouxe um presente de Deus, ele já pressentia o que queria comprovar. Havia cessado a tormenta, a água “baixado” e aquele “raminho” no delicado bico da ave treinada por ele, era a resposta que procurava... Havia, conforme a promessa, sobrevivido à catástrofe que dizimou a humanidade da época, e o mais importante, havia sinais de vida, de terra, de verde, de alimentos para ele, sua família e todos aqueles pares de animais que abrigara em sua bíblica arca. A psicologia popular e seus sábios ditados costumavam ensinar que “a esperança é a última que morre...” Deveríamos acrescentar também é “a primeira que renasce em nosso coração” após o enfrentamento digno e persistente ante qualquer tragédia humana!



Aprendi a gostar e admirar mais esta cor depois que conheci uma pessoa especial (minha sogra) que hoje com 85 anos, sobrevivido após várias cirurgias contra doenças que derrotou, mas principalmente, a perda do jovem querido primogênito, morto pela ditadura que manchou de sangue tantas famílias brasileiras, que elegeu o verde sua cor favorita, talvez num esforço inconsciente de manter-se lúcida, ativa e saudável para criar e educar seus outros filhos menores e igualmente decepados pelo sofrimento do irmão barbaramente torturado.



Verde é a cor predominantemente de nossa bandeira, que representa nosso maior patrimônio que são nossas árvores e florestas, cada vez mais ameaçadas pela sombra destruidora da ganância, do egoísmo e da insanidade de grandes grupos poderosos e inescrupulosos aliados à ignorância e passividade da maioria dos brasileiros.



O verde psicologicamente representa também à imaturidade, a juventude, a fase de crescimento que precede toda juventude do amadurecer, a acidez ansiosa que precede o sabor, a “camuflagem” perfeita que antecede a cor definitiva da colheita.



Pode ser também a cor da pressa, da imprudência, da irritação, da impaciência de quem come cru.



Verde é uma cor de transição, um período fértil, um sentimento, uma proteção, uma fase, um crescimento...



Verde é a cor mães, da proteção, da folhagem abundante, da quantidade da mãe natureza que abriga todos os viventes, humanos ou não, de qualquer natureza, como seus filhos sem restrição ou preconceito.



Verde sinaliza abertura, potencialidade, reavaliação, sinceridade de propósitos...



É a cor da cura, de todos os males, e especialmente os da alma como a depressão...



Se você quiser chorar, botar pra fora seus sentimentos, vista de verde e “deixa as águas rolarem” e limpar fundo o leito do rio de sua vida, libertando-o do sofrimento, abrindo as comportas de sua represa de sentimentos.



Verde é também é a cor de quem não se suporta mais, de quem cansado de tantas mentiras interiores, quer dar um basta na hipocrisia e passar toda a sua vida a limpo.



Como símbolo ecológico somos desafiados a vestir o verde interno de nossos sentimentos, praticando o perdão, aceitando a diversidade e nesta perspectiva aprendendo verdadeiramente o auto amor, que nos possibilita e conduz a aceitar o próximo, a nos relacionar melhor, a curar nossas feridas e trilhar novamente os caminhos do frescor, da esperança, do amanhecer.

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