Psicologia e Comportamento: Série: choque de felicidade - É tempo de se soltar - por Leila Silveira

Jornal O Norte
11/01/2008 às 16:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:22

Leila Silveira

Um dia de charme      um desejo enorme de se aventurar...


(Guilherme Arantes)

Embalada ao som desta linda canção, é que busco inspiração para escrever hoje meus queridos leitores...

Todo mundo se encanta com o ímpeto de uma criança voluntariosa ao empreender seus primeiros e celebrados passos... Sabemos (e por isso ficamos atentos por perto) que ela só os ensaia por não medir as conseqüências e dores de um tombo...

Quando passamos por um grande susto, quando aliviados nos livramos de algo que nos oprimia a primeira coisa que fazemos é liberar nossos pulmões contraídos de pavor e adrenalina no sangue.

Os poetas, os músicos, os pintores, inventores, todos sabem que a inspiração só aparece quando estamos mais distraídos, mais relaxados, divagando entre nossas cismas mais interiores...

Os melhores sambas de Noel foram feitos de improviso numa mesa de boteco entre um papo e outro, num desafeto ou desalento de um encontro ou paixão não correspondida...

As grandes descobertas só se concretizaram a partir da decisão de reis e corajosos aventureiros de lançar as velas soltas ao mar...

As grandes revoluções só aconteceram diante da ousadia de se romper grilhões, de se poder respirar por liberdade, justiça social e democracia!

O êxtase religioso, a meditação transcendental, o paraíso bíblico, o nirvana espiritual só é atingido mediante muito desapego, quase uma ruptura, uma verdadeira liberação desta prisão corporal...

Mas, todo mundo reconhece que a ansiedade (com todas as suas implicações colaterais) é a grande vilã deste século, trazendo nervosismo, ânsia, medo pavor. Daí precisamos nos cuidar, pois vítimas da ansiedade, ficamos todos nós devido a esta nossa tendência moderna de nos aprisionar em desejos e metas materiais e temporais que nos escravizam e nos faz sofrer a cada instante, a cada perda, a cada partida...

Estamos perdendo a consciência espiritual mais importante que nos prepara e de certa forma nos torna mais imune às permanentes mudanças que fazem parte inerente deste plano.

Estamos aferrados à idéia de controle, brincando de deuses, e sendo vitimas de nosso próprio veneno...

Ficamos a cada dia mais reféns de nossas posses, nossas conquistas que ao invés de serem usufruídas sem temor e sem compromisso acabam por se tornar um peso para nós, fechadas a sete chaves e a manter a posição na nossa guerra diária contra este inimigo invisível que nos ameaça diariamente.

Psicologicamente falando, a saída, a cura, a terapia mais saudável é começar a nos comportar mais irresponsavelmente, mais inconseqüentemente, com relação a nossas ambições, metas e desejos...

A pipa só voa, só sobe as alturas se ao sabor do vento dermos corda, dermos linha, se soltarmos as rédeas...

O amor, só acontece se dermos asas à imaginação, se nos entregarmos à magia da sedução, se nos libertarmos da obediência individualista, do comodismo obtuso e nos atirarmos de cabeça sem preconceitos num venturoso e inesquecível ano  de charme movidos pelo desejo enorme de se aventurar e se soltar...

* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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