Leila Silveira Miranda
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Ainda é muito cedo para fazermos um balanço completo da nossa “1ª JORNADA DE PSICOLOGIA”, mas além de nossa capacidade de superação ante as dificuldades que tivemos que enfrentar, uma constatação ficou já patente para todos nós: a felicidade que tivemos na escolha de nossos palestrantes, seja no dia inaugural do evento, seja no encerramento magno de sexta feira à noite no auditório do Colégio Tiradentes, onde fomos arrebatados pela espontaneidade, o carisma e a simplicidade da brilhante e provocativa proposta, do bem humorado consultor de comportamento e deputado Antônio Roberto.
Sob o tema da “Qualidade de vida e Felicidade”, ele nos proporcionou momentos de muita emoção compartilhada, dividiu experiências próprias, vivenciadas deste sua infância aqui na própria Montes Claros, que atestam e comprovam sua terapêutica, sendo sua trajetória vencedora a prova maior de sua eficácia.
Antônio Roberto, longe de ser um fenômeno passageiro, construiu com bases sólidas e muito estudo e aplicação, um jeito próprio de qualificar a sobrevivência, traduzindo em receitas simples o que a maioria tem dificuldade para expor, transformando o “jargão” terapêutico num vocabulário acessível e de apelo popular, traduzido no carinho com que é recebido e ovacionado pelo público, num assédio só devotado a verdadeiros “pop stars” de nossa mídia.
Sua franqueza e assertividade são temperadas com muita graça, humor e simpatia, de forma que consegue dar todos os recados necessários com muita autenticidade, sem subterfúgios, e o que é surpreendente, com grande aceitação dos participantes e atentos ouvintes.
Resumidamente tratou das barreiras que impedem o homem moderno de se sentir bem, fruto principalmente da pesada herança que recebemos de nossa cultura e criação, que nos educou para o ter (ao invés do ser), para a dor (ao invés do prazer), para o amanhã (ao invés do hoje), para o controle (ao invés da liberdade), para o preconceito (ao invés da solidariedade), para a diferença (ao invés da integração), para a competição (ao invés da amizade), para a inveja (ao invés da admiração), para o luto (ao invés da alegria), para a doença (ao invés da saúde), para a loucura (ao invés da sanidade).
Um dos aspectos que mais chamou minha atenção é que o “Deputado” Antônio Roberto não veio para fazer política naquele palco, o renomado “Escritor” não veio para vender seus livros, nem o famoso “Consultor” para vender seus vídeos e fitas, mas veio sim, incorporado naquele momento, o “Palestrante” consciente, motivado, inteiro (mesmo tendo aberto mão de seus honorários) e até ligeiramente emocionado, talvez por estar novamente diante de um público em sua terra natal.
Aliás, esta “inteireza” é, em sua opinião, o segredo para atingir o objetivo da verdadeira qualidade de vida emocional, já que é impossível o bem estar continuo, já que é utópico o paraíso terreno, já que é ilusória qualquer estabilidade, já que é ingênua qualquer tentativa de ignorar a dor, evitar o envelhecimento, driblar a morte.
A Felicidade, segundo ele, consiste justamente em saber saborear e prolongar os bons momentos, usufruindo-os ao máximo, acumulando energia e sabedoria para suportar e superar o mais rápido possível as quedas e os tormentos que nos aguardam mais adiante, de forma a superá-los sem mágoas, culpas e ressentimentos.
Antônio Roberto, mais que nenhum outro palestrante, aceita, reverencia e nos ensina de modo muito prático a se render à Realidade, entendendo-a de uma forma abrangente, já que, inexoravelmente, abriga a todos nesta nau comum, cada um com suas convicções, religião, crenças e histórias distintas de vida.
Suas dicas e conselhos se aplicam a todos, cidadãos comuns ou celebridades, jovens e velhos, negros, pardos ou brancos, ricos e pobres, “iniciados” ou leigos, com a mesma eficácia, pois parte do principio que todos somos semelhantes, que todos somos “gente”, o que a meu ver é sua marca registrada e razão de todo o seu sucesso.
Sua presença carismática, sua empatia sem igual com o público, seu sorriso marcante, seu humor cativante, seu estilo sedutor, sua generosidade acabam por contagiar a todos e “preparar” os ouvintes para ouvirem “desarmados” verdades duras, nunca antes ditas com tanta serenidade e firmeza, sem causar polêmica ou mal estar na platéia.
De todas, destaco o recado “curto e grosso”, endereçado aos jovens acadêmicos do Curso de Psicologia (e a todos os mortais) da importância de se submeterem a uma terapia, a um processo de análise, a uma busca constante do auto conhecimento, premissas básicas no seu entender, para se tornarem uma pessoa “resolvida”, e só depois , deste modo, estar em condições de ajudar profissionalmente seus semelhantes.
Antônio Roberto nos propõe, alicerçado no universo da esperança, uma postura conectada não apenas na versão acadêmica do problema, mas principalmente na sua resolução, como uma tarefa cotidiana e sem fim, de todos nós, na medida em que o passado não nos garante nenhuma imunização, nem o futuro nenhuma estabilidade, restando-nos apenas o presente, o “aqui e agora” para fazermos a “diferença”, dar conta das dificuldades e “batalhar” nossa felicidade, que é (deveria ser) o grande objetivo da Figueira da Vida de cada um de nós.