Psicologia e Comportamento: Impulsividade ou... como domar este vulcão? - por Leila Silveira Miranda

Jornal O Norte
Publicado em 14/04/2008 às 10:45.Atualizado em 15/11/2021 às 07:30.

Não tem nada mais desagregador e perturbador do que um “impulsivo” em crise de mania.



Ele ofende, ele ataca, ela “encara”, ele provoca, ele discute, ele “faz e desfaz”, ”manda e desmanda”, coloca abaixo em segundos tudo que foi construído com muito sacrifício.



É claro que é extremamente desagradável conviver e relacionar com alguém com esta característica, pois via de regra saímos “machucados” com suas explosões nervosas.



Mas, psicologicamente, gostaria de me ater ao ator principal, ao sujeito acometido de tais emoções, que como gostaria de demonstrar a seguir é o principal prejudicado no final das contas, não só ele, como todos os seus entes queridos, seus amigos, familiares e seus dependentes...



Os impulsivos, em seus momentos de fúria, são onipotentes, arrogantes e autoritários.



Ferem, machucam e põe tudo a perder em frações de segundos. Agem sem pensar, falam o que não deve, quebrando assim vínculos, destruindo amizades, encerrando admirações, minando afetos, criando rancores e “ranger de dentes” em torno de si mesmo.



Toda essa onipotência, arrogância, veracidade “animal” na realidade é uma “capa”, um disfarce utilizado pela pessoa para se livrar da dor, do medo, da insegurança que lhe consomem a “razão e sensibilidade”.



Os impulsivos, ao contrário do que muita gente pensa, iludidos por seus acessos de tempestuosidade e irracionalidade são em geral pessoas inteligentes, criativas e muito sensíveis. O que ainda não sabem fazer e precisam aprender é “administrar” essa característica canalizando-a para uma focalização positiva, integradora, entusiasmada, afetuosa que ao invés de perdas tragam verdadeiros bônus de alegria e bonança não só para ele como para todos os envolvidos.



O primeiro passo então, é reconhecer a característica e aceitar-se dessa forma. Seja por razões genéticas, familiares, psicológicas, químicas ou educacionais, você que sofre destes ataques tem que reconhecer a “doença” e tratá-la através de remédios e terapia. É importante reconhecê-lo como uma característica inata ou adquirida que, como qualquer outra, faz parte da sua personalidade, da sua forma de ser e de lidar com o mundo e as pessoas.



Pior ainda que negá-la é culpar-se, diminuir-se por causa de “defeito” de fabricação, mesmo porque todos nós que habitamos nesse planeta somos contemplados com alguns deles. Se não tivermos uma “estratégia” inteligente para lidar com o “fenômeno”, para entendê-lo, dominá-lo, dirigi-lo, é claro que vai se sentir bruto, “in natura” e explodir como um vulcão em erupção descontrolado e aí nada mais se pode fazer, a não ser “catar os caquinhos” da tragédia anunciada e mais uma vez penar nas garras do “estrago”. O “impulsivo” precisa justamente se tornar o maior especialista no seu diagnóstico. Ninguém melhor que ele pode desenvolver elementos de detenção de novos arroubos e de novas investidas.



Antes de cada explosão, assim como os vulcões, as pessoas também emitem seus sinais. É só saber lê-los e interpretá-los corretamente.



Abrir-se com amigos, familiares e colegas também é importante, pois, eles podem evitar uma confrontação, uma discussão, um desentendimento, se conhecerem melhor seu temperamento e suas dificuldades...



É essencial também saber perdoar, esquecer, passar por cima, “tirar de letra”, engolindo com elegância os “sapos” que aparecem em nossa vida.



Se não desenvolvermos este mecanismo “digestivo”, ficamos “entalados”, com o “balde cheio” e aí por qualquer outro motivo o “caldo entorna”... É a famosa gota d’água.



Desenvolver um hobby, praticar exercícios físicos, meditar, lazer e principalmente “dormir bem”, são essenciais para quem quer manter sua impulsividade sob controle e garantir assim, uma melhor qualidade de vida para si e todos que o rodeia.



Concluindo, mais do que nenhum outro, o impulsivo ainda na forma “bruta”, pouco lapidada é o indivíduo que mais precisa de “aprender a amar a si próprio”, pois na maioria das vezes, do ponto de vista psicológico seus “surtos” funcionam como verdadeiras sabotagens ao seu próprio sucesso, conforto, prazer e tranqüilidade. Não tenha receio em procurar ajuda profissional, a se abrir com seus familiares, a procurar seus amigos, pais, padre, pastor ou conselheiro. Não importa o que já tenha perdido, as mágoas que tenha provocado, as tragédias que vivenciou. Sempre é tempo para começar e mudar nosso estilo de vida em busca da paz de espírito que é o verdadeiro sinônimo de felicidade.

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