Leila Silveira *
Enquanto os europeus fixaram 2010 como ano limite para o uso de sacolinhas plásticas, aqui no Brasil encontramos pessoas, cada vez mais ávidas a trazer sacolinhas do supermercado como uma “mais-valia” em suas compras.
Poucos estão raciocinando quantos anos a natureza vai levar para consumir tanta poluição plástica, quanta energia é gasta e o volume de água que é absorvida na produção infindável das mesmas, tampouco quantas árvores foram abatidas para fabricar sacolas de papel.
Antigamente, meus pais contam que era comum ir ao armazém com sua sacola-personalizada e que alguns até eram conhecidos pelas sacolas que usavam...
Hoje, uma grande maioria de jovens e adultos, além de só quererem “grife” as roupas são tratadas como sacolas descartáveis, após as primeiras aparições.
Enquanto em outros países a bandeira é cultuada (como a americana, por exemplo) os valores culturais e patrimônios históricos (como os museus franceses), a fleuma britânica, as tradições espanholas, o misticismo hindu, a ópera italiana, as invenções alemães são conhecidas e valorizadas no mundo inteiro, estamos gradual e conscientemente nos desfazendo da nossa principal riqueza, dos verdadeiros símbolos de nossa bandeira verde, amarela, azul e branca.
Cada país tenta explorar o que tem de melhor, cada um desenvolve e lucra com suas principais vocações, tirando com todo o direito o maior proveito disto.
É como diz o ditado: - Quem tem fama deita na cama.
Seria bizarro e contraproducente querer competir com a alta-costura e elegância francesa, superar as multinacionais e poderio econômico americano, a vocação cientifica e pragmatismo alemão, a disciplina japonesa, o design italiano, o balé russo, a musicalidade africana...
Claro que devemos usufruir também de tudo isto, desenvolver modelos próprios, incentivar iniciativas nativas, garantir nossa soberania e independência em todos estes segmentos, mas atingirmos “status de excelência maior” nestes quesitos não me parece fácil...
Por outro lado possuímos o maior patrimônio natural do universo, representado pela floresta amazônica e sua biodiversidade que estão virando camas, armários, telhados, casas e muito papel para os “gringos” de todo o mundo.
Estamos vendendo a “preço de banana” nossa principal riqueza, estamos destruindo nosso principal trunfo, estamos leiloando a quem der mais nosso principal patrimônio, enfim estamos entregando quase de graça a nossa principal carta deste baralho globalizado.
Com a baía de Guanabara completamente poluída, a mata atlântica extinta, a biodiversidade nas mãos das patentes dos grandes laboratórios estrangeiros, a Amazônia destruída, o serrado morto, as reservas de ouro, níquel, manganês e pedras preciosas exauridas, o que será de nós? Quem vai nos respeitar? Como será nossa nova bandeira? Que cores ela poderá representar? Que julgamento nos fará a História? Que dirão os nossos netos?
O problema da Amazônia é, entretanto o pecado maior, a vitrine mais visível da falta de consciência ecológica e de verdadeiro e autêntico patriotismo que transparece nos pequenos exemplos, mas há outras questões como quantas sacolas de plástico você leva para casa junto com sua compra de supermercado? Quantos litros de água e energia elétrica você tem desperdiçado? Quanto lixo você produz diariamente?
A solução como sempre defendemos neste espaço depende de uma mudança de todos, e de cada um em particular.
Precisamos reciclar nossos conceitos, abrir nossos olhos, investir na educação de nossas crianças para que possam ter forças e competências para assumir esta carga que estamos deixando como herança maior.
Ainda é tempo de virar o jogo!
Faça alguma coisa pela sua cidade.
Plante uma árvore!
Ajude a despoluir um riacho!
Use menos sacolinhas plásticas!
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
leilasilveira@bol.com.br