Leila Silveira Miranda *
Há pessoas que olham para o mundo atual e dizem: “esse mundo está mudado”, “esse mundo está perdido”. Na verdade o tempo sempre esteve mudando. A novidade não é a mudança no mundo e sim à velocidade da mudança. O mundo nunca mudou tão velozmente quanto muda hoje. A velocidade com que as mudanças ocorrem é tão grande que no passado olhávamos o relógio para saber que horas eram e hoje para saber quanto tempo falta.
Estamos vivendo um período de grandes transformações, onde o mundo é todo “FEST”, (rápido em inglês) onde a pessoa tem sempre muita pressa, querem tudo para ontem ou querem se dar bem a qualquer preço. Diante do mundo asfixiado pelo estresse, o consumismo, as novas escravidões (morais e físicas), o desespero de eu tenho que “correr atrás”, de eu tenho “que me dar bem”, que toma conta da humanidade cada vez mais intensamente, normalmente tem levado as pessoas ao desespero e a acreditar que não tem jeito mesmo e até fazer o sentimento da esperança tornar mais difícil. Certamente existem muitos perigos que parecem ameaçar o futuro da humanidade e muitas incertezas pesam sobre os destinos pessoais. Com freqüência podemos nos sentir incapazes de enfrentá-los ou de duvidar do sentido da vida e do enigma da dor e da morte.
O significado da palavra des(esperar) é perder a esperança ; desanimar, desalentar, irritar, afligir. Pessoa desesperada é uma pessoa que não sabe esperar, sem esperança, que pode passar da situação de aflição para a situação de depressão. O desespero, portanto, é o lado avesso da esperança.
Por outro lado, esperar é a atitude que nos permite a serenidade de que a vida fará para nós, aquilo que não podemos fazer sozinhos.É a sábia e humilde compreensão que precisamos aprender que “querer não é poder”. Se ao invés de desesperarmos, conseguirmos aprender a serenar o coração, aceitando a realidade e aquietando o coração, aprendendo com os acontecimentos as lições que estão reservadas para o nosso crescimento individual .
Esperar é sinal de maturidade, sabedoria, e deve ser cultivado através de uma postura mental e espiritual, já que o tempo cósmico costuma ser diferente do tempo terreno, e não temos o menor controle sobre ele. Claro que o esperar não significa passividade, ociosidade ou inatividade, ao contrário devemos investir e continuar buscando cada vez mais o que queremos para que não “morramos na praia”, deixando de dar aquele “último passo” que ia fazer toda a diferença.
Nós sabemos que as coisas boas e saborosas precisam de maior tempo de elaboração , mas acabamos optando pela fast-food, pela rapidez do lavajato , do disk “tudo”, da prevalência do ter sobre o ser, do “ficar” sobre o namorar, da quantidade sobre a qualidade, da aparência sobre o conteúdo, embalados na rapidez e superficialidade do mundo moderno, que vai nos exigindo cada vez mais prazeres instantâneos, que não nos traz nenhuma satisfação plena ou satisfatória , deixando a cada nova experiência um vazio cada vez maior para preencher , acostumando a um ciclo vicioso e a uma armadilha difícil de escapar com o passar do tempo.
Atrás dessas armadilhas se escondem os vícios, as drogas e as tristezas que vai minando nossa resistência e capacidade de renovação a cada revés, nos tornando presa fácil para a depressão e suas catastróficas conseqüências, que, se não bem resolvidas, acabam por nos tirar o gosto pela vida.
Portanto devemos nos cuidar e nos prevenir contra estas emboscadas escondidas atrás de cada desafio que a vida nos reserva, mantendo nosso equilíbrio, nossa vocação para a felicidade independente dos percalços, entendendo que esses fazem parte da caminhada, e são eles que vão nos ensinar novas habilidades necessárias para correções de rota e fortalecimento, e acima de tudo para consumação de nossa missão pessoal.
Na realidade não há nenhum problema em desejar grandes conquistas, aspirar por grandes amores , buscar a prosperidade e a felicidade almejada ... A armadilha é querer depressa demais, “comer cru” aquilo que precisava ainda de um certo amadurecimento para desabrochar todo o seu sabor.
A esperança é ao mesmo tempo o antídoto contra o imediatismo e o pessimismo, e nos coloca de pé, sem falsas ilusões diante de nossos desafios , em estreito contato com nossa realidade.
No bom combate da vida em prol da alegria, solidariedade ela nos protege dos perigos noturnos enquanto esperançosos aguardamos a aurora chegar, que sempre nos traz novo alento na incessante e inevitável busca de nossa felicidade.Você merece!
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
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