Leila Silveira Miranda *
Escrevo hoje atendendo ao leitor M.S., que por e-mail me escreveu assim: cresci ouvindo muitas críticas, hoje sou muito crítico comigo mesmo. Gostaria de ler escrever sobre os efeitos das críticas nas pessoas e como parar de se autocriticar.
Poucas coisas fazem tão mal a alma quanto às críticas. Seja no meio literário, no meio artístico, no esporte e, sobretudo na educação, especialmente de jovens e crianças, só servem como desestímulo e empecilho ao progresso e desenvolvimento naturais de qualquer aprendizado.
Uma das piores manifestações, a mais cruel de suas modalidades, é sem dúvida a critica a si mesmo.
Quando nos criticamos aberta ou veladamente, estamos na realidade atestando nosso desamor a nós próprios, estamos nos desqualificando, nos discriminamos, nos rebaixando, nos diminuindo, com sérios reflexos em nossa já combatida auto-estima.
É bom salientar que cada dia que passa o mundo é mais complexo, a sociedade mais competitiva e seletiva exigindo cada vez mais predicados, habilidades, recursos e capacidade de cada um de nós.
Diante deste enorme desafio, que por si só já é tarefa coloquial, não faz sentido nos depauperarmos ainda mais, nos enfraquecer propositalmente, abalando nossa confiança, reduzindo nossa fé, exaurindo nossos sonhos e negando nossas possibilidades.
Criticar a si próprio infelizmente já se tornou um hábito para a maioria das pessoas, em alguns casos, eu diria um perigoso e pernicioso vício.
Como qualquer hábito ou vicio adquirido ao longo de anos e anos, não será tarefa fácil à mudança de deles. Mas é preciso iniciar o trabalho e perseverar...
Estamos vivenciando um belo momento para iniciar uma transformação positiva e afastar a crítica de nossos pensamentos.
Refiro-me ao PAN, onde atletas de todas as Américas estão tentando se superar, vão mais do nunca apoiar-se nas suas inabaláveis crenças de conquistas, afastarem as dúvidas, espantarem os medos, fortalecer os sentidos, as convicções, a esperança... E todo o trabalho está voltado para o emocional, para o psicológico , para levantar o moral de todos e de cada um em particular...
Voltando a nosso dia a dia, a nossa Olimpíada cotidiana, também mereceríamos nos dedicar um tratamento idêntico ou similar aos adotados pelos atletas do PAN, pois do contrário já entramos em campo semi derrotados, uma presa fácil para a primeira armadilha que a vida nos estiver reservando...
Mas por que a crítica é tão nociva?
O resultado imediato, a conseqüência mais nefasta, é a instalação sorrateira e silenciosa da culpa em nossas cabeças e corações.
A culpa, este vampiro emocional, sobrevive do colapso de nossos desejos, ambições, sonhos, anseios e alegrias, instalando-se o remorso, a duvida, a desconfiança, a tristeza, o desânimo...
Uma coisa que temos que compreender é que tudo está em constante mudança, inclusive nós próprios, na busca de nossa própria evolução (ou fracasso).
O que precisamos fazer então é dar um empurrãozinho a nosso favor ao invés de trabalhar contra, nos criticando a todo o momento, por qualquer motivo.
Na medida em que nos auto-elogiamos, auto-incentivamos, facilitamos e induzimos as mudanças positivas na direção das novas mais elevadas aspirações.
Quando ao contrário nos criticamos, só atraímos energias negativas, só damos passo pra trás, só baixamos nossa imunidade emocional, queimamos nossas reservas de entusiasmo, de coragem, de espiritualidade, essenciais para levarmos em frente nosso projeto de vida.
Portanto é preciso mudar... Comece agora mesmo! E comece reconhecendo seus próprios erros, a se desculpar por suas faltas, a assumir-se integralmente, sem rótulos, sem superstições, sem subterfúgios, sem medo, a pedir perdão, a mudar de atitudes e substituir o pensamento de criticas pelo sentimento de aceitação de si próprio com todas as suas dificuldades e limitações que fazem de você uma criatura única e especial. E lembre-se de incluir em sua olimpíada diária auto-elogios e incentivos, pois além de serem carícias para a alma, acredite, eles fazem verdadeiros milagres!
Você merece!
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
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