Felipe Aquino *

O Papa Bento XVI, quando vier ao Brasil em maio, deverá canonizar o beato Frei Antonio de Santana Galvão, proclamando-o Santo. Frei Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá (SP), de uma família rica e religiosa. O pai, Antônio Galvão de França, era imigrante português e capitão-mor da cidade. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros, bisneta do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, o “caçador de esmeraldas”.

Queria tornar-se jesuíta, mas, por causa da perseguição movida contra os jesuítas pelo Marquês de Pombal, seu pai o aconselhou a entrar para os franciscanos, que tinham um convento em Taubaté (SP). Aos 21 anos, entrou para o noviciado no Rio de Janeiro e lá se distinguia pela piedade e virtudes. Em 16 de abril de 1761 fez seus votos solenes. Um ano depois, foi ordenado sacerdote e mandado para o Convento de São Francisco, em São Paulo, a fim de aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia e exercitar-se no apostolado.

Em 1774, fundou o “Recolhimento de Nossa Senhora da Luz” na capital paulista, juntamente com Madre Helena Maria do Espírito. A obra, hoje Mosteiro da Luz, foi declarada “Patrimônio Cultural da Humanidade” pela UNESCO. Sacerdote procurado e estimado por todos, era chamado “Homem da Paz e da Caridade”.

PÍLULAS DE FREI GALVÃO

Em uma de suas atividades apostólicas, inspirado por Deus, escreveu uma frase em latim do “Ofício de Nossa Senhora” em um pedaço de papel, que poderia ser traduzida assim: “Depois do parto, Ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercede por nós!”. Enrolou o papel em forma de pílula e deu a um jovem que estava quase morrendo por fortes cólicas renais. Imediatamente, cessaram as dores e ele expeliu um grande cálculo. Logo veio um senhor pedindo orações e um ‘remédio’ para a mulher que estava sofrendo em trabalho de parto. Frei Galvão fez novamente uma ‘pilulazinha’, e a criança nasceu rapidamente.

Frei Galvão era considerado santo já em vida. Era homem de intensa oração, e dele se atestam certos fenômenos místicos, como os êxtases e a levitação. São famosos em sua vida os casos de bilocação: estando em determinado lugar, aparecia em outro, subitamente, para atender um doente ou moribundo que precisava da sua atenção. A partir daí, teve que ensinar as irmãs do Recolhimento a confeccionar as pílulas e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje.

É grande a relação de graças alcançadas por intermédio de Frei Galvão, no Mosteiro da Luz. Entre 60% e 70% das graças alcançadas são relacionadas à cura de câncer. Um grande número  refere-se a problemas provenientes de cálculos renais, gravidez e parto, ou casais que não conseguiam ter filhos e foram atendidos.

Frei Galvão faleceu em 23 de dezembro de 1822 e, a pedido do povo e das irmãs, foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra. Foi beatificado em 1998, pelo Papa João Paulo II. Por solicitação do Sindicato dos Profissionais da Construção Civil, a Santa Sé declarou o Bem-aventurado Antônio Galvão “Padroeiro da construção civil” na Arquidiocese de São Paulo. Sua festa é celebrada, anualmente, no dia 25 de outubro.

* Teólogo e apresentador dos  programas Escola da Fé e Trocando idéias, na TV Canção Nova