José Geraldo Mendonça *
A primeira vitória foi o fim daquela escolinha, símbolo da pobreza brasileira, uma salinha de aula, onde crianças da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries, disputavam a atenção da única professora, leiga, e na maioria das vezes semi-analfabeta.
Ai veio a escola núcleo, que até hoje ainda não está ocupando todos os espaços da zona rural.
Agora vem esta nova novidade, pedagogia rural. Eu mesmo tenho batido nessa tecla de que é preciso criar um currículo diferenciado para os filhos de agricultores que estudam em escolas rurais.
Os filhos dos agricultores têm que receber ensino profissionalizante voltado para a produção de alimentos lá na zona rural.
Eu fiquei maravilhado com o que a Embrapa está fazendo com os filhos dos agricultores do Sul da Bahia.
Tudo começou no município de Tancredo Neves, mais agora já foi estendido a várias comunidades desta região do Sul da Bahia.
O curso ministrado ali é muito simples como quase todas as atividades rurais.
Os alunos das escolas locais, com mais de 14 anos, aprendem a cultivar a mandioca com uma tecnologia bem mais avançada.
A Embrapa levou para a região variedades muito mais produtivas. E ainda essas variedades possuem um grande teor de proteínas e maior variedades de vitaminas.
Eles aprendem novas técnicas de plantio, usando estufas para germinação das plantas. Todo esse avanço da tecnologia resultou num salto de produtividade, de 6 para 30 toneladas de raízes por hectare plantado.
A Embrapa também montou indústria de beneficiamento de última geração. Onde as raízes são colocadas em esteira, que as transporta para dentro da máquina, onde são levadas, descascadas, e trituradas. Depois são espremidas, e aquele leite é retirado da massa, que depois é secada e transformada na farinha.
O leite também retirado da massa é decantado, e aquela massa que assenta no fundo do recipiente, secado e transformado no polvilho a goma. Na outra ponta do maquinário tanto a farinha como a goma, já saem ensacados a vácuo, em sacos de: 1Kg, 2Kg e 5Kg. Já em outra ponta ela sai também ensacada em saco plástico trançado, pesado e costurado, nos pesos de 25 Kg, 40 Kg e 50 Kg.
Mais não pára por aí. A máquina também recebe os galhos mais finos das plantas que são transformados em ração animal, e as folhas que são transformadas na Multi-mistura, que com a qual a Pastoral da Criança tem salvo inúmeras vidas de crianças desnutridas por todo país.
A cultura da mandioca era uma prática muito difundida nessa região. A Embrapa aproveitou a vocação local, aliada aos conhecimentos da cultura daquela população, para trazer novas variedades mais produtivas e desenvolvidas, novas técnicas de plantio e o mais importante, técnicas que vieram agregar valores aos produtos acabados. As novas técnicas foram ensinadas aos filhos dos agricultores.
É porque os agricultores já possuíam aquela prática bem ao jeitinho brasileiro de se fazer as coisas da forma mais fácil.
E as novas técnicas não enquadram nessa forma de se fazer as coisas.
As mudas são produzidas em estufa, depois vão para um recipiente de plástico, e só depois de bem enraizadas e desenvolvidas é que vão para o chão, na roça no local definitivo. Os espaços também passaram a serem de 80 x 80. Com essas novas técnicas difundidas pela Embrapa, os filhos dos agricultores foram transformados em empresários daquele setor.
É que a farinha, a goma, a ração animal e a Multi-mistura produzidas ali, são com a mais nova tecnologia daquele setor, produzindo ali alimentos do 1º mundo. São produtos que poderão ocupar espaços em prateleiras de qualquer supermercado do país, e ainda serem exportados.
Esse é o meu sonho, e de muitos brasileiros que amam verdadeiramente esse nosso país.
E não é difícil de ser conseguido.
A técnica é estudar cada região, descobrindo ali, a vocação da comunidade, e os conhecimentos que eles acumulam na produção de um determinado produto. Levar tecnologias que aumentem aquela produtividade, e agregue à aquele produto novos valores. Fazendo isso não tem erro. O resultado é sempre fabuloso.
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), em parceria com a Fundação para o Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) e a UFMG, assinaram convênio para a criação do curso superior em pedagogia da terra, que vai formar profissionais em educação rural. Outro convênio foi assinado pela Fundação Artur Bernardes (FUNARS) e a UEMG, para ministrar curso fundamental para 1.500 crianças. O INCRA investiu nesses convênios 1.5 milhão e quinhentos mil reais. Esses convênios contam com a parceria ainda da Universidade Federal de Viçosa e a Faculdade de Filosofia e Letras de Diamantina.
Eu não entendo. Sendo a nossa Unimontes uma escola de nível superior, que também é estadual como a UEMG. Porque a nossa Unimontes ficou fora deste Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA)?
Mais é sempre assim, a nossa região fica sempre fora dos benefícios. Nós estamos perdendo tudo de bom que é programado nesse país.
Nossos representantes políticos estão sempre muito ocupados com os seus problemas pessoais não sobra tempo para cuidar dos interesses da sua região, dos eleitores que o elegeram.
Por isso mesmo, acho bom pensar um pouco mais, nas próximas eleições antes de votar.
Analisar o que os nossos representantes estão fazendo por nós. Se ele realmente é merecedor de nossos votos, ou se deve ser caçado nas urnas. Outro detalhe importante é não votar em candidatos de outras regiões, os famosos pára-quedistas.
As eleições estão chegando. É hora deles aparecerem. Cumprimentar as pessoas nas ruas. Mandar cartinhas cumprimentando pela passagem Natalina, Desejando Feliz Natal e um Próspero Ano Novo e outras caretices próprias dessa gente cheia de negaças para tapear os eleitores desavisados.
Outro dia, numa rodada com 12 pessoas, eu perguntei em quem eles haviam votado para deputado na última eleição? Incrível. Ninguém lembrou.
O voto não pode ser tratado assim. O voto é uma arma poderosa.
O eleitor só deve votar em um candidato que ele conheça pelo menos as suas obras.
Outro assunto interessante.
A mídia mostra todo dia, os programas criados pelos artistas e atletas do nosso país. Esses brasileiros estão dando um Show à parte. Estão criando e apoiando financeiramente, programas que cuidam de crianças, jovens, e adultos.
Esses programas buscam preparar as pessoas para o futuro.
Esses brasileiros estão dando uma lição de como deverão agir, os nossos políticos.
Pois são eles que deveriam estar criando esses programas ao invés, de preocuparem somente com os seus interesses pessoais.
Vamos dar um balanço no que nossos políticos estão fazendo por nossa região.
Um deputado presta um serviço de transporte de doentes carentes, de suas casas na periferia, para o local onde vão ser submetidos a tratamentos e depois os leva de volta a seu domicílio.
É um trabalho solidário, que já funciona há alguns anos. Trabalho bem organizado e que dispõe de uma frota de carros sempre renovada, que são dirigidos por motoristas educados e gentis.
Outro auxilia noivas, e fazem todos os preparativos para a realização das cerimônias de casamento. E ainda auxilia doentes com problemas mais graves.
Agora, ano das eleições, aparece um outro que está sempre sumido cuidando de seus interesses, com uma propaganda na TV Globo, de um cursinho pré-vestibular pela Internet.
A propaganda diz que é um cursinho pré-vestibular para alunos que não podem pagar cursinhos particulares.
Mais quem poderá participar deste cursinho? Somente aqueles que dispuserem de um computador e puder pagar a Internet. Parece brincadeira. Mais não é.
É propaganda eleitoreira mesmo. É a busca do voto dos eleitores desavisados.
Eu tomo a liberdade de sugerir ao nobre Deputado, que entre em contato com os dirigentes da 1ª Igreja Batista. Eles tinham um cursinho pré-vestibular gratuito, que parou por falta de apoio.
Para tanto, bastará o nobre Deputado adquirir equipamentos para eles poderem apresentar as aulas com uma imagem em tela grande, projetada por um aparelho Data Show, conectado ao computador. Isso tudo em uma sala de aula mobiliada adequadamente, que eles já possuem. Contando com a presença de um monitor, que será um professor de cada matéria, que estará presente para sanar as dúvidas dos alunos.
Isso sim será de grande valia para os alunos carentes. Mais a coisa do modo que está montada dificilmente ajudará alguém.
Senhor Deputado seja mais objetivo e eficiente. Senão ninguém vai levar a sério as suas pretensões.
Eu não canso de repetir.
Esse país só vai desenvolver socialmente a partir do momento em que todos se engajarem nesse processo de forma ética com muita responsabilidade social e espírito de cidadania.