Leila Silveira
Após todo o envolvimento, vibração, maratona televisionada que nos “obrigou” a acompanhar e torcer por cada medalha do Pan, e depois Para-Pan” (que achei a idéia maravilhosa), e como psicóloga do NAE JK interessada em sugerir e desenvolver um projeto com o curso de educação física, já que acredito que atividade física é como amor, faz bem a todo mundo, comecei a “pensar com meus botões”: Porque não promover o Pan da terceira idade?.
Influenciada talvez pela “baixa estima coletiva” do brasileiro, duvidei da originalidade da concepção, e fui logo para a Internet pra ver se já existia algo a respeito...
Para minha surpresa encontrei uma montanha de informações sobre esta fase da vida: namoro na terceira idade, sexo, universidade da terceira idade, bailes, encontros, Sites, estatísticas, passeios, excursões, nutrição, exercícios físicos, literatura, blogs, portais, até secretarias especiais para a categoria (só não encontrei Sindicato...)
Como nada encontrei especificamente e talvez pela “prudente desconfiança” de mineira, continuei pesquisando, conversando com amigos, colegas, conhecidos, com o Beto, coordenador do curso e estudantes de educação física da Funorte na expectativa de encontrar alguém que já tivesse pensado ou ouvido falar do assunto.
Assim, meio sem querer, tomei contato com uma série de informações que me impressionaram . ..
A verdade de que o problema do envelhecimento era coisa dos norte-americanos e europeus principalmente, está mudando drasticamente nas últimas décadas, e a realidade é que a maioria dos idosos em números absolutos vive em países emergentes e do terceiro mundo e as projeções estatísticas demonstram que esta é a faixa etária que mais crescerá nestes paises , incluindo o nosso País.
Hoje a população idosa brasileira já passa dos 14 milhões. A principal razão se encontra nas conquistas tecnológicas da medicina moderna que tornaram possível prevenir ou curar doenças fatais do passado.
Neste final de século, assistimos no Brasil a um verdadeiro “boom” de idosos. A faixa etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce em termos proporcionais. Segundo as projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde, entre 1950 e 2025, a população de idosos no país crescerá 16 vezes contra 5 vezes da população total, o que nos colocará em termos absolutos com a sexta população de idosos do mundo, isto é, com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
A conclusão inequívoca é que o Brasil está envelhecendo, apesar da pouca importância de alguns políticos em geral , que não os consideram “formadores de opinião”, devido talvez ao voto não obrigatório a partir dos 70 anos.
Acredito que a questão tem componentes psicológicos fortes, valores de auto-estima discutíveis, pois no fundo independente da idade todo mundo gosta de participar, de ser útil, de decidir os rumos do País.
Mas retornando ao nosso propósito inicial, como não encontrei ainda nada sobre minha idéia inicial, aí vai então o desafio, a sugestão, a proposta à turma da Funorte, que inicia hoje a realização de sua 1ª Semana de Educação Física.
Que tal promovermos a Olimpíada da Terceira Idade ?
Que tal iniciarmos esta iniciativa no nosso município ?
Que tal levarmos esta mensagem aos nossos políticos locais ou aos nossos representantes em BH e em Brasília ?
É claro que o nível e as modalidades de competição deverão ser bem estudadas e adaptadas às condições físicas e mentais de nossos queridos participantes, bem como os objetivos a serem alcançados deverão privilegiar o “lúdico em detrimento da potência”, deverão incentivar a “participação em detrimento da disputa em si”, reservando “podiums” mais democráticos e abrangentes, já que para mim quem já atingiu esta idade no Brasil já é por si só um grande vencedor!
Danças de salão, “bocha”, caminhadas, natação, xadrez, dama, “galo-velho”, culinária, vôlei , peteca, baralho, trabalhos manuais, ginástica, entre muitas outras mais, poderiam com o devido critério compor o “menu” de opções, a fim de proporcionar ampla participação das pessoas nesta faixa etária.
Acredito que, além de uma grande festa, de uma verdadeira homenagem a quem tanto já produziu , seria também um ato de cidadania e generosidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de todos nós.
Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
leilasilveira@bol.com.br