Paz pela inclusão

Jornal O Norte
Publicado em 08/07/2011 às 08:50.Atualizado em 15/11/2021 às 17:31.

Dias atrás, um menino de 10 anos foi morto durante uma troca de tiros entre traficantes que disputam a venda de drogas no conglomerado Cidade Cristo Rei, local conhecido como Feijão Semeado, em Montes Claros. O pequeno João Pedro Carvalho Silva foi atingido quando saiu de casa para comprar pipoca do outro lado da rua. O que, a princípio, foi divulgado como acidental, foi confirmado, em seguida, pela Polícia Militar, como intencional, provavelmente por vingança, já que o menino era sobrinho de um traficante que disputa o comércio de entorpecentes no Feijão Semeado.



Nesta semana, no Rio de Janeiro, a secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos mobilizou todo seu efetivo para encontrar o menino Juan de Moraes, de 11 anos, que estava desaparecido desde o dia 20 de junho, após uma operação policial na favela do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.



A morte de Juan foi confirmada na manhã de ontem, quando familiares estiveram no Instituto Médico Legal para identificá-lo.



Além de Juan, seu irmão Wesley, de 14 anos, e o amigo Wanderson, de 19, também foram mortos no confronto policial durante a operação.



Não é de hoje que vimos crianças terem suas vidas ceifadas durante confrontos armados, vítimas de uma violência que cresce de forma desenfreada, dia a dia. E quando não são mortas abruptamente à bala, morrem aos poucos, vitimadas pelo descaso, omissão e desamparo a que são submetidas, especialmente aquelas que crescem em locais de maior vulnerabilidade social.



Crianças que só conhecem pequenos confortos, como um prato de comida quente, uma roupa nova, um sapato do tamanho de seu pé, pela televisão. Ao seu redor, para ter acesso a esses direitos mínimos, que teoricamente lhes são resguardados por lei, precisam usar de atos fortuitos e muitas vezes ilícitos, ou ver seus familiares se matando, literalmente.



A pobreza não justifica a violência, mas é preciso que as autoridades, sociedade civil organizada, as pessoas de um modo geral façam sua parte para tornar as relações mais solidárias e inclusivas. Não é possível mais tolerar tanta marginalização do ser humano. Programas de socialização e ressocialização precisam ser tratados com mais seriedade e tenacidade para que o prato de comida e a roupa limpa de hoje também sejam de amanhã e de sempre.



Certamente, combater a violência é um processo complexo, mas se cada um de nós, pessoas e instituições públicas e privadas, fizer sua parte, estendendo a mão especialmente aos meninos e meninas que vivem à margem da sociedade, as gerações futuras poderão viver dias menos turbulentos.



Jerúsia Arruda


Editora-chefe

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