Os humanoides estão chegando

Jornal O Norte
Publicado em 06/04/2010 às 10:12.Atualizado em 15/11/2021 às 06:25.

José Wilson Santos


zewilsonsantos@hotmail.com



Caso o indio velho não saiba, humanoide tem dois significados: 1) “Todo o ser que tem aparência semelhante ou mesmo lembre um humano, não o sendo”, segundo a Enciclopédia Wikipédia; e 2) banda de música supimpa, nascida lá no Santo Antônio, segundo um grupo de jovens músicos que sonham pegar a estrada, fazer um puta sucesso e ganhar os tubos de dinheiro, naturalmente.



Nela, não por acaso, toca meu filhote Thiago, um bruguelão saido faz tempo da adolescência – mas que a adolescência teima em não sair dele —, com quase dois metros de altura, cara e jeito de menino, que manda bem pacas no baixo, uma espécie de guitarra com som rouco. Sacou?



Não convivemos tanto quando deveríamos conviver — Thiago e eu –, por conta das neuras advindas com o fim do casamento, que não fui sábio o suficiente para contornar. Mas há amor, carinho, amizade, cumplicidade e respeito nos momentos esporádicos em que nos vemos. Apenas sabia que meu filhote arranhava um violão, que o avô lhe dera de presente, mas não acompanhei a determinação com a qual tanto evoluiu, a ponto de tocar bem pra caramba guitarra e baixo sem ter feito aulas. Pelo que o parabenizo com orgulho, já que o Degas aqui, canhotão da silva, nunca pegou num violão.



Fui ver uma canja da Humanoides num domingo desses aí, lá no Bairro de Lourdes, em promoção da Secretaria Municipal de Esportes, e conferi enternecido como a turma, e meu filhote Thiago, em especial, mandaram bem pra dedéu algumas pérolas de Renato Russo e do Legião Urbana.



Com o que mataram a pau, é claro.



Penso que foi meu melhor domingo nos últimos séculos. Que pai não fica inchado de orgulho vendo o filhote fazendo — e bem — um trem que gosta toda vida? Principalmente porque minha modesta opinião de que a Humanoides é a melhor banda do mundo foi endossada por uma moçada esperta, que sacudiu o esqueleto barbaridade, debaixo de um solão de lascar o cano, aos gritos de “humanoides!, humanoides!”



Irado, meu!



A vocalista Isa é uma graça. Pequenininha, mirradinha, tem excelente presença e vira uma gigante no palco. A voz promete. Quando estiver totalmente trabalhada, vai dar o que falar no universo musical desses Montes Claros.



Para uma primeira apresentação em público, que dá aquele friozinho na barriga e uma vontade danada de correr pro trono, achei que foi o trem mais melhor de bom. A recepção calorosa foi significativa e um indicador de que a turma está no rumo certo.



Não sei se pinta aí uma séria candidata ao rol de ótimas bandas mineiras, quiça brasileiras, mundiais e interplanetárias. Mas que pintou um sonzinho esperto, bacana mesmo, tocado com o amor só possível àqueles que fazem o que gostam, lá isso pintou.



No que depender da torcida do Degas aqui, a trupe chega lá. Mas enquanto torço, rezo para que o pessoal (e em especial meu filhote) engate também um plano b, para o caso de não ser possível viver de música. Porque a vida continua e sobreviver é preciso.



Parabéns, filhote. Foi bom demais da conta ver como você manda bem com o seu baixo, e que é feliz. Se em algum momento os problemas que costumam andar ao nosso lado, existência afora, te magoaram, não foram capaz de sumir com o sorriso franco do seu rosto e de impedir que você tire alegria de coisas simples – aonde está, de fato, o que há de melhor na vida.



Saiba, cara, que na matéria posso não estar permanentemente com você. Mas meus pensamentos e as minhas orações são para te. E o meu amor também.



Falei e disse?

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