Luiz Carlos Amorim
Escritor
Quintana faz aniversário no dia 30 de julho e teria completado, se vivo fosse, 103 anos. Mas ele não continua vivo, na sua prosa e na sua poesia, obra imortal que o conservará para sempre em nossos corações, em nossa memória?
Então há que se comemorar, como deixar passar em branco o aniversário do grande poeta? A Casa de Cultura Mario Quintana homenageou seu patrono, com uma programação que honra a memória de um dos maiores poetas deste país, o poeta que deu mais sensibilidade à poesia brasileira, deu mais consistência, mais ritmo, mais inteligência e leveza, renovando e popularizando um gênero literário até pouco tempo considerado elitista e maldito.
Palestras, espetáculos musicais e teatrais, declamação de poemas e até oficina infantil fizeram parte do programa.
Na abertura houve o Debate Poético Sobre Quintana, no Teatro Bruno Kiefer, no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana. Começou 19 horas e desenvolveu discussão acerca da produção poética do poeta. Os debatedores foram Ana Maria Lisboa de Melo, professora de Literatura Brasileira e Teoria Literária, Carpinejar e Rita L. Bittencourt, pesquisadora na área de Letras. A condução do debate coube a Cláudia Mentz Martins, graduada em Letras.
Os jornais da capital gaúcha deram pouca cobertura aos eventos comemorativos do aniversário de Quintana, o que é uma pena, pois um debate sobre a obra do poeta passarinho deveria ser mais divulgada pelos meios de comunicação. Ele tem muitos e muitos leitores, no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil, e sempre é bom saber o que se está falando sobre a obra dele.
Na quarta-feira, 29, aconteceu o “Quintanares e Melodias”, quando foram interpretados poemas de Rimbauld e Verlaine, poetas franceses que eram muito apreciados por Quintana. O recital contou com declamação dos atores Jairo Klein e João Lima. Foram interpretadas músicas francesas, também, pelo violonista Antonyo Ricardo e pelo acordeonista Samuel Costa.
No dia 30 de julho, dia do aniversário do poeta, a programação trouxe o ponto alto do evento, a peça teatral Sobre Anjos & Grilos - O Universo de Mario Quintana, monólogo no qual a atriz Deborah Finicchiaro apresenta poemas e trechos de entrevistas de Mario Quintana, fundindo a fala, o gesto, a poesia, as artes plásticas e a música, contanto, interpretando e cantando textos e poemas do escritor. Um espetáculo à altura da celebração do aniversário do poeta.
No dia 31 a vez foi do espetáculo “Clássicos em Destaque”, com a Camerata Jovem de Porto Alegre, grupo instrumental formado por 30 jovens músicos, executando as músicas preferidas de Quintana.
No sábado, primeiro de agosto, foi realizado na Travessa dos Cataventos, das 12 as 19 horas, o primeiro bazar cultural, pela Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana, quando foram vendidos objetos alusivos ao poeta. À tarde, das 13 as 18 horas, o público infantil participou da oficina de reciclagem “Recriando o Poeta”, ministrada pela Oficina de Arte Sapato Florido.
O encerramento da programação ocorreu no domingo, a partir das 17horas, no Acervo Mario Quintana, com a interpretação do poema encenado “Família Desencontrada”, pelo grupo de teatro infantil Nariz Postiço. Antes do espetáculo de declamação, houve palestra sobre a obra infanto-juvenil de Quintana.
Feliz do público de Porto Alegre e região, que pode usufruir de eventos tão ricos como esse, grande homenagem ao nosso eterno menino poeta. É muito bom matar um pouquinho das saudades de Quintana.