O trânsito nosso de cada dia

Jornal O Norte
09/01/2009 às 11:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:49

Eugênio Magno


Comunicólogo, Mestre em Artes,


Especialista em Educação e em Política

As cidades – grandes e pequenas – estão superlotadas de veículos. As pistas, ruas avenidas e estradas estão esburacadas, mal cuidadas e desprovidas de sinalização adequada. O transporte coletivo é ruim, a malha ferroviária há tempos foi sucateada e o tráfego aéreo nos assusta. O que fazer? Encastelarmo-nos em nossas residências e viver virtualmente, contentando-nos apenas com a passividade das interações cibernéticas ou arriscar a vida cotidianamente nesse trânsito caótico e assassino?

O número de motocicletas quintuplicou e o de automóveis, idem. Os motoboys, premidos pelo tempo, zigue-zagueiam perigosamente em alta velocidade, por entre automóveis, ônibus, caminhões e pedestres. E fazem escola. Os automóveis de pequeno porte também estão fazendo “costuras” no trânsito e já não é incomum assistirmos, estupefatos, o zigue-zague de ônibus e caminhões, especialmente os de reboque, cuja desculpa da pseudo-urgência quer justificar essa forma de direção perigosa.

Depois do freio ABS e da popularização das transmissões das corridas de Fórmula 1 pela tv, a grande maioria dos motoristas não mais respeita a distância mínima de segurança entre o seu veículo e o que trafega à sua frente. Freios estão sendo “substituídos” por buzinas. Tenho a impressão de que não mais se estuda legislação e sinalização. Pouquíssimos são os motoristas que, à noite, ao cruzar com outro veículo abaixam seus faróis. Ninguém mais parece saber o que é preferência, mesmo quando ainda resta um pouco de tinta no asfalto, ou nas placas, em rotatórias e trevos, com aquele triângulo de cabeça para baixo. A indústria automobilística fatura rios de dinheiro e as ruas coalham de carros, que cada vez precisam estar mais equipados, pois a cada dia passamos mais tempo dentro deles. E o que é pior, parados, gastando combustível e sujeitos a assaltos e intromissões de toda natureza, nos engarrafamentos.

É terrível essa constatação, mas os agentes de trânsito parecem ser orientados muito mais para encontrar irregularidades que gerem multas e, claro, receita para os cofres públicos do que para disciplinarem o trânsito. Os poderes públicos legislam, baixam portarias e normas, oneraram o contribuinte e o retorno de toda essa arrecadação na própria área de tráfego e transporte é mínima.

Este não é o discurso de um especialista do setor. São generalizações, é verdade. Mas que não são levianas. Trata-se do grito rouco de um contribuinte que enfrenta todos os dias o caos do trânsito e aqui faz um desabafo, se coloca como porta-voz de muitos outros cidadãos indignados com essa situação, pede explicações e clama pelo coro dos demais inconformados. Quiçá consiga pautar os veículos de comunicação para uma grande reportagem sobre a questão.

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