Petrônio Braz (*)
A vida é um teatro. Em cada momento de nossas vidas, leitor amigo, estamos representando, isto porque representar traz a ideia de movimento. Identificar cada movimento, transformando-o em palavras, coube primeiramente aos escritores da antiguidade. Transformar palavras em gestos, que identificassem os movimentos, competiu aos artistas primevos desde tempos imemoriais, isto porque a representação do movimento da vida humana está ligada à própria evolução do ser humano.
O homem primitivo celebrava as suas vitórias, as suas caçadas, através da dança, em rituais diversos, como fazem, ainda hoje, os silvícolas brasileiros. Os egípcios, os gregos e os chineses, em tempos remotos, nos primórdios da civilização, transformaram as celebrações em rituais em busca do apaziguamento dos efeitos catastróficos da natureza e criaram os mitos e as danças mímicas, especialmente no Egito. Mas foi na Grécia que o teatro teve origem. Inicialmente cantavam, dançavam e contavam histórias, sempre relacionadas a um de seus inúmeros deuses, mas em especial ao deus do vinho (Dionísio).
Histórico ou mitológico, Téspis teria sido o primeiro ator grego.
Teatro não é apenas o local onde se representam obras dramáticas e onde se dão espetáculos. Teatro é, antes de tudo, a representação artística: comédia, drama, tragédia, tragicomédia ou ópera. O teatro português teve início do Gil Vicente. No Brasil, a partir do Século XVI floresceu o gênero dramático-religioso, para em seguida transmudar-se para a comédia e a tragédia, ainda presentes.
Em Montes Claros, apesar da inexistência de instalações apropriadas, o teatro se faz presente em espetáculos no Centro Cultural e em outros locais improvisados, graças à atuação de aguerridos profissionais, com destaque necessário para o Grupo Oficinato Teatro, fundado em 1988 por Aldo Pereira e que já revelou uma quantidade muito grande de talentos para as artes cênicas.
Cumpre lembrar que Reginauro Silva dirigiu, aqui pelo Norte das Gerais, o ator global Jacson Antunes.
O Grupo Oficinato Teatro já produziu espectáculos de grande sucesso de público e critica, tais como: “O Defunto Premiado”, “Hoje a Banda Não Sai”, “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, “A Mala Mágica”, “Devagar Para Não Matar”, “O Pequeno Príncipe” e agora “A Rifa da Égua Morta”, uma comédia caipira danada de boa.
A peça que tem classificação livre para todas as idades, foi apresentada em Montes Claros 38 vezes, entre os anos de 2008 e 2009, sempre com casa lotada em todas as sessões. O texto conta a história de três caipiras metidos a espertos, que vivem aplicando pequenos golpes nas pessoas de bem do sertão mineiro, inclusive entre eles.
A malandragem tem seu ponto mais alto, quando Seo Genaro e Zequinha (pai e filho) resolvem vender uma égua morta para Firmino (o pretenso Genro de Seo Genaro e cunhado de Zequinha) mas a partir daí, o enredo toma outro rumo, pois pai e filho, mal desconfiavam que Firmino era na verdade duas vezes mais esperto do que eles juntos.
Um final surpreendente aguarda por todos os espectadores, dias 12 e 13 de abril, às 19, 20 e 21 horas, no Automóvel Clube.
(*) Advogado e escritor