O sucateamento da educação

Jornal O Norte
Publicado em 22/11/2010 às 16:48.Atualizado em 15/11/2021 às 06:44.

Luiz Carlos Amorim *



E o fiasco do Enem continua a espichar a irresponsabilidade do MEC – Ministério da Educação e Cultura, desse nosso governo tão preocupado com a educação neste Brasilzão de Deus, que faz um exame nacional sem conferir a sua elaboração e sem ver a prova da gráfica para autorizar a impressão.



Primeiro, foi a suspensão do Enem por Juíza Federal do Ceará, derrubada pelo Tribunal Federal. Depois, outra decisão da mesma juíza dando o direito a todos aqueles estudantes que foram prejudicados com as trapalhadas nas provas, de prestarem de novo os exames, também foi derrubada hoje, agora à noite.



Que exame é esse que se transformou numa bagunça e agora querem que ele valha? Que país é esse, que Ministério da Educação é esse que não teve um mínimo de cuidado com o exame, nem com a elaboração nem com a impressão, como todos viram, e agora “não quer ter mais despesas desnecessárias” para corrigir os erros absurdos?



O juiz que derrubou as decisões da juíza do Ceará ressalta, em sua sentença de hoje, “ser inadmissível que paixões a teses jurídicas venham aflorar e contaminar o Judiciário, trazendo insegurança para milhões de jovens atônitos à espera da definição das respectivas situações escolares.” Ora, a insegurança foi causada justamente por quem aplicou a prova, ou seja, o Ministério da Educação. Que não parece estar minimamente preocupado com o estresse dos estudantes, com a incerteza que paira sobre o resultado dos exames prestados, com a indefinição e irresponsabilidade no que diz respeito ao seu esforço e dedicação em estudar para tentar conseguir uma vaga na universidade. A incompetência de quem gerencia a elaboração das provas, a impressão e a aplicação é patente e não é de agora.



Será que isso vai mudar algum dia? Essa coisa de sucatear cada vez mais a educação deste país, de maneiras diversas, já está dando muito na vista. Lembram a mudança no Ensino Fundamental, quando mudaram a sua duração de oito para nove anos? Pois é, mas não foi só isso: mudaram também o sistema de alfabetização, que sempre deu certo, para um outro que faz com que alunos cheguem ao segundo, terceiro, quarto anos sem saber ler e escrever.



E, como já disse antes, não é só a educação – a saúde, a segurança pública e até a justiça – neste caso, atrelada ao MEC, também estão falidos.



Resumindo, como bem disse a minha amiga Carla (http://pequenosbarulhosinternos.blogspot.com/), “É uma lástima assistir a esse espetáculo deprimente. Acompanhar, principalmente, o nervosismo e a angústia dos jovens que prestaram o ENEM, a preparação deles para o exame, e depois a frustração, mais uma vez, ao se deparar com essa bagunça total.



É triste, porque a gente sente na pele a falta de respeito e consideração por nós todos. Elegemos representantes porque confiamos naquelas pessoas, e elas, no poder, nos olham lá do alto e se esquecem do porquê estarem naqueles cargos.”



(*) Escritor e colaborador de O Norte

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