João Avelino Neto


Advogado e articulista

28 de outubro, dia de São Judas. No fim da tarde, como quase diariamente, caminho sempre o mesmo trajeto. Saio da General Carneiro, entro na Cula Mangabeira, viro na Esteves Rodrigues, cruzo a Mestra Fininha e sigo até a José Correia Machado, pego a margem do Vieira e rumo para o sul, com o pensamento voltado para o Quilombo. Ouvi e vi os foguetes de Serra no auditório da OAB, cuja eleição no domingo é uma quimera, mesmo com o editorial do Edgar, do JN, ofendendo e desqualificando Dilma e o PT.

Voltei. Não pelo mesmo caminho. Vi a beleza da praça da Rosa Mística. Obra com participação do Governo Federal, via Ministério do Turismo. Paro no antigo posto boa viagem. Em frente de Valdir Borracheiro. Sento à mesa da calçada. Peço uma Brahma, como fazia Antonio Avelino, para quem Brahma era sinônimo de cerveja.

Minutos depois, vejo chegar Reinine e Valdir abrir o portão da sua morada, fundeada de frondosas arvores, onde um Sabiá canta e canta, celebrando o por do sol e pedindo “chuva Senhor”. O canto do sabiá invade a minha alma e me leva a Reivaldo, seus passarinhos e ao poeta e trovador maior deste Sertão: Cândido Canela, que vivia e sentia a natureza e o trabalhador, enquanto vereador de Montes Claros, fazendo a lei de proteção às arvores do Cerrado, como o Pequizeiro, da Semana Inglesa, para que os comerciários, no sábado, trabalhassem só até o meio dia.

Isso e muito mais, levam-me ao sufrágio em Dilma e seguir o caminho das transformações sociais, descortinado em 2002, com a eleição de Lula, o retirante nordestino que desbancou o FMI e levou o Brasil ao concerto das nações de primeiro mundo.

Viva Cândido, Reivaldo e o Sabiá de Reinine.