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Quarta-Feira,10 de Setembro

O plágio consentido

Jornal O Norte
Publicado em 02/08/2011 às 18:20.Atualizado em 15/11/2021 às 06:01.

(*) Luiz Carlos Amorim



Vejam vocês, plágio não é mais plágio. Vocês sabiam? Dois autores de grandes sucessos literários contemporâneos, ela alemã e ele francês, transcreveram trechos de outras fontes, como Wikipédia e blogs da internet, em suas obras. E isso não configurou plágio, eles classificaram como “estilo” e chamaram as cópias de “mix”. E os livros continuam vendendo, ninguém cogitou de penalizar autores e editores por estarem vendendo produtos que na verdade não são de quem os está oferecendo.



No Brasil, isso já é feito em novelas de televisão, há algum tempo: junta-se pedaços dessa e daquela outra obra para incrementar uma “obra nova”. Sem contar os casos sutis na literatura.



Eu procuro não usar trechos de outros autores, mas quando é necessária uma citação, uso excertos de outrem entre aspas e com identificação do autor. Um exemplo recente é uma pesquisa que fiz sobre Fernando Pessoa, pois junho foi o mês de aniversário dele. Como as fontes eram várias e os dados sobre o poeta são de domínio público, postei o resultado no meu blog, mas não assinei.



De maneira que, atualmente, juntar trechos de um de outro autor, de uma e de outra obra, fazer uma colcha de retalhos sem dar crédito ao autor nem citar a fonte, é normal. É este o futuro da criação literária? Juntar pedaços de obras já existentes e montar uma nova? É pra este fim de túnel sem luz que caminha a literatura?



Sabemos que muito do que se produz no campo da literatura pelo mundo afora não tem qualidade para se transformar em sucesso, que a criatividade, a criação é dom de uns poucos, mas não é por isso que vamos ter passe livre para montar frankesteins literários.



Esperemos que a moda não pegue, embora alguns desses plágios já tenham feito muito sucesso, vendendo centenas de milhares de exemplares, como os dois romancistas do início do texto e alguns outros.



A originalidade é tudo. Não podemos nos apoderar impunemente da obra intelectual de quem quer que seja; a criatividade, a originalidade e a sensibilidade são capacidades inalienáveis e as obras construídas com elas são propriedades intransferíveis. Copiar a produção, o pensamento, a obra de outra pessoa e assinar embaixo como se nossa fosse, é roubo.



Precisamos deixar prevalecer o bom senso, precisamos prezar pela nossa integridade e honestidade, como cultores da palavra e de ideias que queremos ser. Ou não somos mais capazes disso?



(*) Escritor – luizcarlosamorim.blogspot.com

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