Ajax Tolentino
Advogado e escritor
Ele viveu entre nós, o homem e agora o mito. Suas escritas eram poemas que falam do esporte. Não tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente. Mas a oportunidade de ouvi-lo e vê-lo, na televisão, e conhecer os seus feitos. Eles são contados em verso e prosa, nos anais da literatura. ele era “o cara” no bom sentido e hoje deve estar no Monte Olimpo, na morada dos deuses, romanos e gregos, que está na mais alta montanha da Grécia. Pois é a própria encarnação de Apolo, o deus grego, filho de Zeus, o deus dos esportes. Especialmente Grego, pois foi na Grécia que nasceu o esporte. Ele aprendeu a tocar gaita depois dos sessenta anos, para adornar com a música a sua linda literatura com crônicos e frases de efeito. Como a um maestro a reger sua orquestra, composta de majestosos escritos literários. Outra sua paixão era voar, o que fazia como uma águia. Este amor pela arte de voar tinha uma razão, ir para perto da montanha, onde está o Olimpo. Ele sabia que um dia ela seria definitivamente sua morada, a sua casa, a casa dos deuses gregos, lá no alto, a beijar o firmamento.
Para ele em particular, foi acordado o gigante adormecido que tanto mencionou em suas crônicas, o Maracanã de tantas glórias e de outros mitos, inclusive os dos esportes. Principalmente os do futebol, como Garricha, Pelé, Nilton Santos e outros. Lá onde por muitas vezes viu seu Bota-fogo jogar. Recebeu às suas últimas homenagens. Onde o povo pode ver o corpo deste vulto das letras e dos esportes. Com glorias ao espírito daquele que na terra foi um mito, e que agora na vida eterna estará no aconchego de deuses Grego. Assim muitos dos seus admiradores tiveram a oportunidade de dar-lhe o adeus, adeus especial que é reservado somente a aqueles seres que são predestinados. Ficaram aqui conosco as suas frases, levadas no sopro de uma brisa, aqui e acolá, para carinhosamente chegarem suavemente até nossos ouvidos. Presente suntuoso que o mestre Armando Nogueira nos brindou. Com suas palavras, com sons de fada, ele produziu na terra o encantamento, para finalmente se imortalizar.
“Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifúndio”.
“Tu, em campo, parecias tantos, e, no entanto, que encanto! Eras um só, Nílton Santos”.