Milton Teixeira Filho
Seu semblante risonho e meigo
Passeia em minhas lembranças
Jeito tão familiar não há
Representante autêntica de um povo
Simples, humilde e passivo
Que a reconhece instantaneamente
Ao vê-la estampada pela cidade
Em frios e imóveis cartazes
Causando comoção geral
E perguntas que não querem calar
Por onde seguiste, tia minha ?
Deixaste rastros ou sobraram só restos ?
Por que desapareceste dessa forma ?
O que te conduziu a esse sumiço intrigante ?
A sua vida foi fria e cruelmente deletada ?
Ou querem apagar toda sua existência, sepultando-a no vazio?
Aguardamos ansiosos por respostas
Tão dolorosas quanto reveladoras
Afinal, é minha e nossa querida tia Dininha
Com todas as suas fragilidades
Acentuadas pela avançada idade
Que me acolheu em sua singela casa
Na beira da linha de ferro, nos Morrinhos
Quando aqui desembarquei
Ao término de meus estudos, em BH
Lá pelos idos de 93
Por um curto, mas precioso tempo
Iniciando minha vida profissional
Importante momento, marcante presença
Saudades, nunca me esquecerei de ti
Você continua sendo minha adorável tia Dininha
Aquela viúva de tantos filhos
Sempre apaixonada pelo marido que partiu
Morando em lugar muito especial
No meu coração que soube cativar
Recebendo-me sempre com generoso abraço
Até breve, pessoa carinhosa e hospitaleira !
Perdoa-nos por descobrirmos, só agora
Na sua prolongada ausência
O quanto te amamos e não soubemos transmiti-lo
Nestes seus derradeiros momentos entre nós.
N.R.: Dona Olindina Brito dos Santos, 72 anos, ainda está desaparecida. Quem tiver informações sobre Dona Olindina deve comunicar através do telefone: (38) 3222-3380 ou o (38) 3215-7616.