Carla Damêane *
Nem fato ao reverso ou arrependimento confuso
Faz voltar o tempo
Na carne dura da vida
Faz tremer a terra
Com o desabamento do que é verdadeiro
Fez parecer sonho, ilusão, metáfora
Sem mesmo saber o objetivo de nossa viagem
Pronta para cantar ao restante de teus dias
Até lá, culpada a desventura
Até aqui somos todos inocentes
Que forca a morte leva a bruxa amante?
Que espada o corte lança laços de cetim?
Como amarrastes meus cadarços tantas vezes
A teus pés acorrentou a prisioneira
Ao mesmo tempo capital nervoso repugnante
Enojando a minha cara subversiva
Encarcerada em uma cela anaglífica
E com a mordaça de calar desejos
Calou também o esporro
Não escarrei como um PUNK
Contra sua bandeira de defesa
A Deus, A terra, e A Família
E com a tortura de lembrar crimes
Lembrei também dos planos
E não acusei como cúmplice
O restante de mim que esteve livre
Solto, gozando a rotina
Celebrando as bodas de Ócio
Declarando a sua fortuna
A minha toda, era um coração curraleiro
Na clandestinidade de não saber
E não querer saber a sua resposta
Ou a do mundo
Apenas ser o restante em pele de macaca
A pedrazinha no caminho leva e traz da insistência
Sem medo de viver completa
E buscando pelo que antes me faltava
E agora sobra
* Acadêmica do 7º período de Letras Espanhol na Unimontes
carlotadameane@click21.com.br