O Instituto Cultiva e a prefeitura de Moc - IV: coordenador dá ultimato à administração e avisa que base de apoio se desmancha

Jornal O Norte
Publicado em 03/04/2007 às 08:46.Atualizado em 15/11/2021 às 08:01.

Senhor Editor,



Estou reproduzindo a mensagem que enviei a Márcia Saraiva em 22 de fevereiro deste ano. Perceba que não há resposta na seqüência que enviei. Eles simplesmente postergavam e blindavam o prefeito. Não havia ruptura até então, mas apenas uma insistente tentativa para discutirmos com o governo o que considerávamos erros fundamentais de gerenciamento.


Rudá Ricci



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A MENSAGEM



De: Ruda Ricci [mailto:ruda@inet.com.br]


Enviada em: quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007 10:05


Para: ‘marciafilocre’


Cc: ‘vero@uai.com.br’; ‘dimascardoso@uol.com.br’; ‘prefeitomoc@montesclaros.mg.gov.br’


Assunto: sobre o contrato da cultiva



Prezada Márcia,



Venho fazendo apelos em profusão para que o governo de Moc abra uma discussão séria sobre sua política de ação em 2007. Não estou tendo respostas concretas. O único secretário de governo que me atende é Vero, que afirma ter pouco poder de decisão em relação aos temas que estou colocando em pauta.



Tenho que ter uma visão mais geral do que ocorrerá neste ano. Os adiamentos são constantes e estamos muito inseguros em relação à postura do governo municipal. Vou ser claro, mais uma vez.



a) em 2005, trabalhamos com conselheiros. O trabalho foi suspenso e a Casa da Cidadania, que foi prometida para setembro daquele ano, até o momento é uma promessa;



b) tivemos, ainda em 2005, uma reunião que avaliou todos secretários e segundo escalão. Nenhuma medida foi tomada, com exceção da secretaria de educação, mesmo assim, após várias ações desagregadoras do ex-secretário, ameaças etc, e um ano após a tal reunião do final de 2005;



c) em 2006, iniciamos o processo de discussão e aprofundamento da Governança Solidária. Foi publicada uma portaria e baixado o Decreto da Governança. A partir daí, nada da estrutura gerencial foi instalada, com exceção das UAIs;



d) as UAIs, por sua vez, foram monitoradas por Selva. Percebemos que não havia estrutura, os técnicos não tinham uma leitura real da sua função, não havia equipamento básico. No final do ano, soubemos, para dar um exemplo, que as secretarias de governo não davam a menor importância para as UAIs. O caso mais grosseiro foi da Secretaria de Meio Ambiente que destacou um office boy para representá-los numa das UAIs. Imagine o impacto naquela UAI;



e) ainda em 2006, elaboramos uma planilha com todos projetos e ações envolvendo todas secretarias. As tabelas que deveriam ser preenchidas pelas secretarias municipais nunca foram preenchidas. Apenas as que a equipe da Cultiva, com os dados disponíveis, montou foram preenchidas;



f) a proposta de reforma administrativa foi discutida parcialmente com nossa equipe. Entretanto, nunca recebemos a proposta que foi enviada à Câmara Municipal;



g) em 2007, a situação parece mais crítica ainda. A base de apoio do governo se desmancha. A proximidade das eleições municipais parece uma senha para os testes finais sobre a importância do apoio ao governo Athos;



h) fizemos contatos internacionais de acordo com o combinado há um ano atrás: MDA, Ministério do Trabalho, Itália, Portugal, Venezuela e Rede Urb-AL. O governo não conseguiu criar um contato formal, estável. Ficou estacionado em Montes Claros. Recebi dezenas de e-mails e telefonemas de todos contatos que fiz para vocês, procurando alguma certeza ou contato formal com o governo. Eu quase implorei por esses contatos, já que minha credibilidade estava em jogo;



i) os pagamentos começaram a se atrasar e várias promessas não foram cumpridas. Não recebemos, até o momento, qualquer indicação de data de recebimento do trabalho desenvolvido neste ano. Já respondemos mais de quatro solicitações para detalharmos os valores e justificarmos o aumento do orçamento. A última resposta, dada por um rapaz de quarto escalão que nunca havíamos ouvido falar, é que receberemos três parcelas em março. Quando perguntamos quando, dizem o de sempre: não há como garantirmos nada.



j) o site da prefeitura não destaca as inovações que estamos discutindo desde 2005. Na parte de baixo do site, aparece um tímido link para a tal Governança Solidária. Veja a diferença em relação a todas outras ações do governo. Os textos que aparecem na página que se abre é o Decreto, que foi fragmentado em pequenos itens. Não há relato de nenhuma ação realizada, de nenhuma articulação entre secretarias, de nenhum plano estratégico para 2007 e 2008. Enfim, o site está paralisado desde o decreto da governança.



É possível perceber que pouco andou. O que avançou foram os discursos (mais afinados) e estruturas frágeis, não assistidas e não organizadas.



Volto a insistir na necessidade de uma reunião minha com o prefeito e os secretários responsáveis pela governança.



Quero conversar sobre as possibilidades reais em relação ao nosso trabalho. Quero entender o grau de compromisso do governo com o que estamos combinando com vocês. Como coordenador geral da entidade, preciso saber qual o risco real que estamos correndo. Não posso colocar o nome de consultores e da própria instituição numa situação de incerteza e descrédito. Sempre levamos nossas tarefas a cabo e somos elogiados por isto. Sentimos que chegamos no limite do discurso e da preparação da governança. Agora, cabe a vocês implantá-la de vez. E precisamos saber qual o risco que vocês assumirão para implantá-la. Porque o Instituto Cultiva se arriscou o tempo todo, até o último fio de cabelo. E é o que faço novamente com esta mensagem.


 


Atenciosamente,


Rudá Ricci

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