Luiz Carlos Amorim
Escritor
http://luizcarlosamorim.blogspot.com
Começou o horário político no rádio e na televisão. Eu não gosto muito de falar em eleição, mas li uma cartinha num jornal, e achei muito interessante: “o horário político está de volta e os candidatos vão fazer, de novo, meu ouvido de pinico. Mas eles terão o troco no dia da eleição.” Não é legal? O eleitor sabe que os políticos que querem se aboletar nos mandatos de quatro anos, que aproveitar a “boquinha”, vão prometer mundos e fundos sem a mínima intenção de cumprir, vão mentir pra caramba, vão reivindicar para si inúmeras “realizações”, vão mostrar uma baita ficha limpa que não existe e esconderão a sete chaves a enorme ficha suja, essa sim de verdade, vão tentar convencer de que são a obra-prima da natureza. Mas ele, o eleitor, vai fazer valer o seu direito de escolha e seleção e quando chegar o dia da eleição, não votará em nenhum deles. Se não houver nenhum candidato que mereça o seu volto, voltará nulo.
Isso me fez lembrar, também, que na semana passada caminhava eu pelo centro, quando passei por duas senhoras que conversavam sobre a eleição.“Pois não é tudo uma cambada de corrupto? E a gente tem que votar neles!”, diziam elas. Eu não as conhecia, mas não me contive e postei-me ao lado delas, me metendo na conversa: As senhoras não são obrigadas a votar em ninguém. Se sabemos que os candidatos disponíveis não são bons, não são o que queremos para representar-nos, então não devemos votar neles. Se não houver ninguém em quem possamos votar, a única saída e anular o voto, pois só assim ele não vai valer pra ninguém e servirá de protesto para saberem que não estamos satisfeitos com o que está aí. Não existe aquela história de que precisamos voltar em alguém de qualquer jeito, para não “desperdiçar” o voto. Desperdiçar é votar em quem não merece.
Elas olharam pra mim, balançaram a cabeça e concordaram. E eu segui o meu caminho, de alma lavada. As pessoas, todas, deveriam saber como funciona o sistema eleitoral. Mas não é interessante para os políticos, não é?
Por outro lado, terminou o prazo para o eleitor que não estará no seu domicilio eleitoral, no dia da eleição, mas sim em uma capital, votar em trânsito. Este ano seria um teste para ver o que teria que ser aperfeiçoada em pleitos seguintes, como de 2012 e 2014. Para se cadastrar, o eleitor precisou apresentar o título de eleitor e um documento com foto.
Mais de oitenta mil pessoas se cadastraram, segundo o TSE, o que significa que os candidatos a presidente do país terão essa quantidade de votos a mais nestas eleições.
A “novidade” aparece justamente nestas eleições em que o atual presidente é marqueteiro da candidata do governo e vale só para votar no presidente e vice. Não é escancarado demais?
Esperamos que, mesmo aqueles que aprovam o atual governo, levem em consideração que ele está usando o privilégio de ter o poder nas mãos para eleger a sua candidata. Estamos assistindo,mais uma vez, ao desrespeito das leis por quem deveria dar o exemplo.
Nós, que vamos votar, precisamos pesar os abusos e incoerências, conhecer bem as fichas de cada um dos candidatos e saber se podemos votar ou não. O futuro do país é o nosso futuro. Precisamos ter consciência disso e sermos honestos, antes de tudo, conosco mesmo. E não esquecer, também, que se o Brasil continuar neste ritmo, com a saúde falida, com a educação cada vez pior e a segurança cada vez mais inexistente, com cada vez mais corrupção, que futuro terão nossos filhos e netos?
Eu não transferi ainda meu título, até ia me cadastrar para votar em trânsito, mas quando soube que vale só para escolher o presidente, desisti, pois quero escolher também o governador do nosso estado. Prefiro viajar e ir até o meu domicílio eleitoral.
Precisamos fazer escolhas. E fazê-las direito. Ou o futuro de todos estará comprometido.