O Funorte, a Rádio Terra e a política

Jornal O Norte
Publicado em 16/04/2010 às 10:13.Atualizado em 15/11/2021 às 06:26.

Everaldo Ramos


Professor e comentarista



Durante algum tempo, imperou no nosso imaginário, a máxima equivocada que: futebol, religião e política não se discute. Ora, ledo engano. Penso ser possível discutir tais temáticas sim, desde que o debate, esteja calcado no respeito à diversidade, na liberdade de expressão e sobretudo na defesa da ideia, que o outro tem sim, o direito de discordar daquilo que pensamos. Acreditar que futebol, política e religião não se discutem, é pois, reforçar um ponto de vista cultural autoritário, que deve ser banido o quanto antes possível do nosso discurso. Utilizo-me desta introdução um tanto quanto filosófica, para aqui relatar um acontecido, que inevitavelmente fez brotar um sentimento de indignação e revolta, no tocante às ações de pessoas, que poderiam e muito, usar da capacidade de formarem opinião para ajudar a defender nossa cidade, seus valores e suas conquistas, de maneira mais sensata e menos apaixonada. No último sábado, após a derrota do nosso Formigão para o Tricordianao na arena da baixada (campo do Cassimiro), partida esta que de nada valia, já que o Funorte se encontrava antecipadamente classificado para a próxima fase, ouvia no meu carro a Rádio Terra fazendo as entrevistas de praxe após o jogo e confesso-lhes impressionado com a postura dos profissionais daquela emissora. É incrível como fica latente, que os mesmos parecem torcer contra, de maneira deliberada. Na entrevista concedida pelo técnico do Funorte o renomado José Mário Pena, conhecido por ser um técnico vencedor, o repórter tentava a todo custo denegrir um trabalho sério feito pelo mesmo à frente do nosso Formigão. De maneira até deselegante o repórter tentava, insistentemente, com a desculpa que falava em nome da torcida que queria ver um bom jogo, macular um trabalho até então vitorioso. Talvez o dito repórter da dita emissora não sabe, que o importante no futebol é o resultado os pontos alcançados e não o futebol show como muitos imaginam. O importante é que o Formigão está classificado para a próxima fase tendo vencido jogos importantes fora de casa e conseguindo a classificação antecipadamente. É bem verdade que a equipe não jogou bem neste sábado, mas há que se considerar os desfalques e principalmente as limitações do elenco. È no mínimo pedante deixar que as paixões políticas, daqueles que comandam os microfones esportivos, falem mais alto. O Funorte é Montes Claros na segunda divisão e esse entendimento deveria ser o de todos os montes-clarenses que amam essa cidade. Como se não bastasse a falta de apoio ao nosso futebol, ainda temos que engolir os vultosos e obscuros investimentos feitos pelo prefeito a um time de vôlei que em que pese, estar bem representando nossa cidade na liga nacional, nada tem de indenidade com o nosso povo, ao contrário do Formigão que busca nas periferias da nossa cidade os talentos aqui nascidos. Ao vôlei tudo, ao Formigão nada, essa é a máxima que hoje impera em Montes Claros Lamentável esta visão mesquinha, daqueles que foram eleitos para governarem para toda a cidade independente das convicções ideológicas. Era de se esperar tal comportamento, já que todos sabem do propósito do investimento do prefeito no projeto do Montes Claros Funadem. Agora, deixar que as paixões políticas, cegas e insanas, possam nortear as posturas de profissionais, que deveriam sim torcer por todos os times que defendam as cores de Montes Claros, é no mínimo uma atitude lamentável, arcaica e provinciana, que deveria ser objeto de repúdio da parte de todos nós. Como se não bastasse a falta de apoio do empresariado local e do poder público, ainda somos obrigados a conviver com a torcida contra de pessoas, que demonstram a cada dia que que não conseguem deixar de lado as paixões políticas para pensarem no bem de Montes Claros. Aqui não quero parecer censor da imprensa. Sou um democrata convicto, defensor do direito à liberdade de imprensa, assegurado pela nossa Carta Magna. Apaixonado por futebol, como todo brasileiro, torço cegamente pelo nosso Formigão, por entender que hoje é o mesmo o legítimo representante da nossa cidade no futebol mineiro. E como cidadão me acho no direito de externar minhas convicções mesmo que as mesmas possam desagradar alguns senhores que com microfone na boca, se acham donos da verdade tentando impor idéias que nem sempre representam o pensamento de todos os montes-clarenses. Ao invés de apenas malhar, os profissionais da Rádio Terra poderiam sim usar do poder que tem, para convencer a todos, inclusive o senhor prefeito municipal, que é vergonhoso uma cidade do porte de Montes Claros ainda não ter o seu estádio municipal. Que mais vergonhoso ainda é destinar 500 mil reais ao time de vôlei e nada ao Formigão. Que chega a ser deselegante a sua ausência no campo do Cassimiro quando lá o nosso formigão entra em campo. E que, o esporte que o nosso povo ama e se identifica é aquele que é jogado com os pés, na grama e não na quadra. Prudente seria, que os mesmos soubessem deixar de lado as paixões políticas e percebessem que Montes Claros deve estar acima dos bairrismos, dos radicalismos equivocados tão presentes nas eleições.



As eleições já se passaram, os palanques já foram desfeitos. Agora é hora de pensar na nossa cidade como num todo. Prestigiar aqueles que lutam para colocar Montes Claros bem posicionada no cenário estadual e nacional. E isso, o Formigão vem fazendo muito bem, contra tudo e contar todos, com recurso parcos na sua maioria advindos da Soebras, sem a estrutura logística necessária e sem o apoio político merecido. Mas com o arrojo e gestão profissional do meu amigo, Cristiano Junior, o empenho do supervisor, Jeibson, a competência do técnico, José Mario Pena e de outros mais. Com a garra peculiar aos sertanejos e a capacidade de vencer as adversidades tão presentes neste solo sofrido, o Formigão segue sua jornada rumo à primeira divisão do futebol mineiro, na bagagem carrega o mais valioso de todos os apoios. A força de uma torcida apaixonada, que enfrenta sol, chuva e o desconforto de arquibancadas rústicas para gritar: “Vai pra cima deles Fec”. Mesmo que os profissionais da Rádio Terra ainda insistam em não perceber, o Funorte é a mais bela expressão do amor do povo montes-clarense pelo futebol. Quer seja nos jogos dos campos de várzea, ou nas peladas dos campinhos de clube, é o futebol a paixão primeira do nosso povo, melhor que um “eice”, é gritar gollllll e melhor ainda, se for gol do Formigão. Mesmo que os microfones da Rádio Terra ainda insistam em torcer contra o vento, contra o Funorte e principalmente contra Montes Claros. Ouso dizer: os que hoje criticam, haverão de se redimir diante das glórias do nosso Funorte. Bola pra frente, vai pra cima deles FEC! *Everaldo Ramos é professor de História e Geopolítica, acadêmico de Direito e torcedor apaixonado do Funorte.

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