Ajax Tolentino
Esta compra de parte financeira do banco Panamericano, por instituições financeiras do governo, é um fato inusitado, demonstra que alguma coisa muito estranha aconteceu no Banco Central, na CEF para ela ter sido feita.
Agora o Grupo Silvio Santos pode vender o controle do Banco Panamericano para conseguir pagar parte do empréstimo de R$ 2,5 bilhões. Concebido pelo Fundo Garantidor de Crédito. Embora isso vá depender da real situação do Banco.
Em principio o empréstimo feito ao Grupo S.S.de R$ 2,5 bilhões serviu para equilibrar o patrimônio líquido do banco, que é de R$ 1,6 bilhão, e para operar mais R$ 900 milhões.
Mas, a situação pode piorar. O Banco Central está instaurando no momento um processo administrativo. Se houver indícios suficientes para se constatar que houve fraude, o Ministério Público Federal abrirá possivelmente um processo criminal. E o Senado também já quer ouvir BC e Caixa sobre ajuda ao Panamericano.
A disposição de Silvo Santos de entregar todo o seu patrimônio como garantia tem várias conotações: É porque ele quer honrar o nome, ou tem certeza de que o rombo será facilmente administrado por ele. Ou se não entregasse poderia ser pior. Fica aí a duvida de qual foi o objetivo, o tempo dirá. O Banco terá carência de três anos para começar a pagar, e no total dez anos para pagar o empréstimo.
Pior ainda, no ano passado, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 739,2 milhões para adquirir parte do Panamericano. A instituição estatal, por meio da Caixa Participações S.A. (Caixapar), adquiriu 35,54% do capital total do banco.
As irregularidades no banco, segundo economistas, podem ter começado há uns quatro anos, apenas as investigações vão apontar o tempo exato.
Há uns meses o Banco Central descobriu que o Panamericano vendeu carteiras de crédito para outras instituições financeiras, mas continuou contabilizando esses recursos como parte do seu patrimônio. O problema foi detectado, aí houve uma negociação para evitar a quebra da instituição, já que o rombo era grande.
O empresário Silvio Santos deu como garantia para obter empréstimo praticamente todo seu patrimônio empresarial. Para conseguir os R$ 2,5 bilhões do FGC, entraram 44 empresas subordinadas a holding SS Participações, entre elas o SBT, sua participação no banco Panamericano, a Jequiti, a Liderança Capitalização e o Baú da Felicidade. O valor contábil de todas as empresas é de R$ 2,7 bilhões.
Eike Batista sinaliza interesse em comprar empresas de Silvio Santos, não descartando até o interesse em adquirir ativos de Silvio Santos. Entre eles, a participação no banco Panamericano e até o SBT.
Quanto ao escândalo no grupo Silvio Santos, na verdade, por alto, aconteceu o seguinte: O Banco Panamericano tinha uma boa carteira de financiamentos para automóveis. Para fazer dinheiro vendeu esta carteira para outras instituições financeiras. Mas, continuou constando ela na contabilidade, para aumentar o patrimônio do banco. Com isso ele fez operações acima do limite da sua capacidade, e ainda pagou imposto de renda por um capital e lucro que não possuía.
Tem mais, patrocinando o Corinthias em seu centenário, quando com certeza deve ter escorrido dinheiro pelos tentáculos do banco. E assim, além da fraude da carteira de empréstimos, ainda colocou o chapéu onde a mão não alcança, fazendo patrocínio.
(*) Escritor, advogado e colaborador de O Norte