O coletivo da arte

Jornal O Norte
23/10/2006 às 11:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:42

Dário Teixeira Cotrim *

Aconteceu num clima festivo a vernissage e ainda prossegue por mais duas semanas a 2ª Exposição Coletivo Singular dos artistas plásticos montes-clarenses, no circuito do monumental atelier da iluminada Márcia Prates. A arte do coletivo para os nossos olhos é docilmente singular e marca mais um empenho significativo de seus construtores em otimizar a atenção dos admiradores com a variedade de linguagem expostas nos trabalhos então aqui apresentados. Relembrando fatos antes mesmo da Semana da Arte Moderna, em 1917, uma polêmica exposição de Anita Malfatti, que estudara na Alemanha e mostrava em sua pintura uma nítida influência do expressionismo, chocou a opinião pública com a sua postura inventiva e inquieta já no início de sua carreira.

De qualquer modo no chamamento da 2ª Exposição Coletivo Singular registra-se nele a mensagem dos nossos grandes mestres e torna-se referência com as suas obras nitidamente belas e sedutoras: “Eis que acontece, neste momento, a 2ª Exposição ‘Coletivo Singular’, que vai além da imagem do belo. Persegue o imprescindível, o universal e o poético de mãos dadas, na construção de uma legítima manifestação cultural”. A beleza é uma prerrogativa do admirador. Assim, nada mais natural do que a exposição acontecer diante de olhos curiosos de uma platéia jovem, aguçando com suavidade as influências visuais sempre recheadas de criatividades. Pelo menos é assim o trabalho de Felicidade Patrocínio, onde ela transforma em belo o que é desprezível. Não por outra razão, mas esta mostra é um acontecimento que instiga e um marco que exibe as diversas facetas da história das artes em Montes Claros.

Em sintonia com o que vai acontecendo no mundo das artes, com um certo arrefecimento das vanguardas nas ausências de Samuel de Souza Figueira e Argentino Ataíde Sidônio, começa agora a substituir o ativo pela reflexão e a emoção pela razão. Assim como Figueira, o pintor Wanderlino Arruda é outro que ficou isolado das grandes exposições. Embora não muito cultuada, a presente exposição trata-se de uma mostra com obras de vinte e quatro artistas selecionados por um público extremamente exigente e que nos mostra uma variante nas tendências artísticas acontecidas até então. Melhor dizendo, penso que este é o painel histórico bem significativo da evolução na pintura em Montes Claros, a cidade da Arte e da Cultura.

Por isso, na variedade de cores presentes na exposição, com obras assinadas por nomes consagrados neste circuito artístico – como as duas pequeninas telas com traços fortemente negróides do acadêmico João Rodrigues – e sem o intuito de dar uma única interpretação ao conjunto exposto, mas evidenciar o que cada artista tem de mais marcante é que existem pessoas (assim como a iluminada Márcia Prates), que se sentem intimadas por obras de teor enigmático ou não. Para entender a produção de obras artisticamente adversas do cotidiano é preciso imiscuir-se no mundo das tintas que nos cerca. Embora mais conhecido como escultor, Biolla tem os seus trabalhos feitos com gestos leves e parecem nascidos de uma espontaneidade absoluta.

Nesse sentido merece atenção especial por parte daqueles apaixonados pelas artes plásticas para o catálogo dos artistas destacados nesta segunda mostra. Aqui reúne alguns dos melhores nomes da arte de Montes Claros e região. Os que não tem ainda uma carreira consolidada também em outras regiões, caminham para isso num curto espaço de tempo.

* Academia Montes-clarense de Letras - Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais

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