Wilson Silveira Lopes *
Vivemos outros tempos. Quem não se lembra do ministro Rubens Ricupero? Lembram-se? Aquele ministro que durante o governo Itamar Franco, substituiu o ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso para dar prosseguimento à consolidação do Plano Real que nos permitiu ter moeda estável e consolidada.
Naquele tempo, na trincheira contra a nova moeda se encontrava exatamente o PT do presidente Lula, que em arroubos de seriedade e decência cunhava o Real de “A mentira do Real”. Aliás, o PT era naquela época o bastião da moralidade e a comissão de frente da justiça e da verdade.
Em 1° de setembro de 1994 quando se comemorava o êxito do Plano, depois de sucessivas investidas contrárias do lulo-petismo, o ministro Rubens Ricupero preparava-se para mais uma de suas tantas entrevistas, quando acreditando que estivesse fora do ar, fez o seguinte comentário ao jornalista Carlos Monforte: “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.
O homem de bem – vivo ainda entre nós – quase foi trucidado pela turma esquerdista, que o atacava sem dó nem piedade ao ponto de levá-lo à demissão do cargo com a responsabilidade de quem sabia que com tal atitude salvava o Plano Real, que você leitor sabe muito bem o valor que tem, pois as suas unidades você as leva no bolso, sabendo que ficamos livres definitivamente daquela corrente indissolúvel de hiperinflação constante.
Dignidade mesma que treze anos após não teve o ministro Marco Aurélio Garcia – o MAG - que flagrado por uma câmera da Rede Globo fazendo gestos obscenos, acompanhado de um assessor que também repetia a mímica, comemorando certamente, penso eu, a derrota não da mídia brasileira; não dos políticos opositores; não da TAM, mas do próprio povo, pois desconsiderava a dor e o sofrimento de algumas centenas de famílias, que apenas 48 horas antes haviam perdido os seus familiares no maior desastre aéreo da história brasileira.
Tempos outros, não?
É como diz o jornalista e filósofo Olavo de Carvalho em um de seus comentários no Diário do Comércio – coisa que o brasileiro comum e despreparado nunca sabe, porque é natural do brasileiro ser evasivo, inculto e desinteressado das coisas do seu país - que o Sr. Lula em outubro de 2002 – antes das eleições daquele ano – dissera em entrevista ao jornal francês Le Monde que a eleição que o tornaria presidente era apenas uma farsa destinada a legitimar a tomada do poder pelas organizações de esquerda. Ainda do seu comentário: Confirmando as palavras do líder, o Sr. Garcia informou ao jornal La Nacion , em Buenos Aires , que o PT continuava firme na esquerda revolucionária: “ A impressão de que o PT foi para o centro surge do fato de que tivemos de assumir compromissos que estão nesse terreno. Isso implica que teremos de aceitar inicialmente algumas práticas. Mas isso não é para sempre.” – Publicado pelo Diário do Comércio em 23/07/2007.
O resto, todos nós sabemos, votando ou não tendo votado no Lula. Veio a campanha, o que se pregou não foi isso, parecia até que o PT e o seu candidato tinham abdicado de toda gana revolucionária e que teriam se postado como adidos da ordem burguesa, liberal e conservadora. Imagine!
Então outra coisa não deu: a grande imprensa evitou comentar os fatos. Enfim. Será que o povo brasileiro se soubesse desses comentários do próprio candidato e do seu assessor, votariam nele? Será que ali não se destruiria a candidatura petista?
Pior pra nós, que todo dia amargamos uma derrota por via da corrupção, do cinismo, do descalabro moral que tomou conta do país.
É esperar pra ver.
Logo, logo, novos fatos sem eira nem beira, próprios do desgoverno que nos fulmina voltarão a acontecer, sempre sem nenhum pudor ou constrangimento de qualquer ordem. Afinal, pagamos pra ver e estamos vendo!
* Advogado e funcionário público