Nossos primos, os macacos

Jornal O Norte
Publicado em 03/11/2010 às 08:51.Atualizado em 15/11/2021 às 06:43.

Ainda há quem não acredite, mas somos primos dos macacos. Sou levado a crer que os macacos não acreditam que sejamos parentes deles. Para eles somos predadores, a mais violenta espécie de predadores, que se encontra no ápice da cadeia alimentar.



Somos um gênero da ordem dos primatas e dessa realidade não podemos nos afastar, embora queiram nos separar criando um reino distinto dos reinos animal, vegetal e mineral: o reino humano.



Fora dessa ideologia, nos situando no reino animal, estaríamos classificados na ordem dos primatas, da família Hominidae ao lado dos chimpanzés, gorilas e orangotangos (homem da floresta), com três troncos distintos: caucásico, mongólico e etíope, na classe dos mamíferos superiores, mesmo porque todas as nossas funções fisiológicas realizam-se do mesmo modo.



Compartilhamos 98,6% de nosso patrimônio genético com os chimpanzés. Somente 1,4% de nosso patrimônio genético nos fazem seres racionais, de porte ereto, capazes de produzir uma linguagem articulada, dotados de inteligência, mas nem sempre agimos com racionalidade.



Racionalidade é a qualidade de ser racional, isto é, que somente age segundo a razão, em oposição ao irracional. É graças ao raciocínio que podemos entender os nossos conhecimentos e ligá-los logicamente a outros. Sendo racionais deveríamos ter, desde os primórdios da própria civilização, dos hábitos contraídos em sociedade, visto o ambiente físico em que vivemos como sujeito à nossa degradação. Nossos primos, nesse passo, têm sido mais racionais que nós, os racionais.



Seríamos nós civilizados?



Certo é que nem todas as comunidades humanas podem ser vistas como civilizadas. Todavia, se o uso da razão se constitui em referência à classificação, e se os povos ditos civilizados se distinguem dos bárbaros pela independência de vida em relação à natureza física, não sabemos efetivamente quem é civilizado.



Quando vivia em contato direto e dependente da natureza, em estado de barbárie, o ser humano agia como preservacionista, talvez inconscientemente.



O homem civilizado, que assim se considera, tem o dever de, usando a razão, saber que a contaminação do solo polui os lençóis freáticos fonte permanente de água, que a poluição do ar causa prejuízos irreparáveis e que a poluição dos rios e mares degrada o meio ambiente em que ele vive.



Preservar é resguardar; livrar de danos futuros.



Existem dúvidas sobre as causas do aquecimento global, que podem ser naturais, mas os cientistas apontam o homem como o principal responsável. Pesquisadores afirmam que, num futuro bem próximo, o aumento da temperatura, provocado pelo efeito estufa, poderá favorecer o derretimento do gelo das calotas polares e o aumento do nível das águas dos oceanos



A deteriorização dos rios, mares, lagos e oceanos, provocada pela poluição originada por produtos químicos e esgotos, tem o ser humano como único responsável.



A poluição do ar, gerada nos centros urbanos, resulta da queima principalmente de derivados do petróleo (gasolina e diesel), que tem lançado um alto nível de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera terrestre.



Poluentes depositados no solo sem nenhum tipo de controle causam a contaminação dos lençóis freáticos.



Se 1,4% de nosso patrimônio genético não forem suficientes para nos alertar para a realidade ambiental, que os 98,6% dos nossos primos, presentes nesse patrimônio genético, sejam despertados.



Nossa independência de vida em relação à natureza física nos tem levado a destruir essa mesma natureza. O homem dito civilizado olha para o futuro, mas não existirá futuro sem a preservação presente da natureza física. E essa preservação deve ser individual para se fazer coletiva.

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