Nós e a gripe A

Jornal O Norte
Publicado em 17/08/2009 às 09:56.Atualizado em 15/11/2021 às 07:07.

Carlos Amorim


Escritor



E a gripe A, que era branda, com a qual o cidadão brasileiro não precisava se preocupar porque as autoridades sanitárias estavam tomando todas as providências, tudo estava sob controle, está matando as pessoas no nosso país. E não são crianças e velhos que estão morrendo, são adultos saudáveis, na maioria.



Nossas “autoridades” se comportaram, frente à gripe A, como se comportaram frente à crise mundial: não nos atingiria, era só uma “marolinha”.



Pois a marolinha está matando as pessoas. As mesmas pessoas, cidadãos brasileiros, que estão indo aos hospitais e postos de saúde, quanto têm algum sintoma da doença e esperam horas na fila para, se forem atendidos, receberem, via de regra, o diagnóstico de que não é a gripe A. Só internam e dão a medicação para a gripe A se o estado do paciente for grave. Mas se já estiver em estado grave, o paciente estará morrendo, como tem acontecido.



Por que não medicar quando houver suspeita? É preciso estar morrendo para receber medicação? Aí não adianta mais.



O estado do Paraná divulgou nota, há poucos dias, instruindo que seus médicos e hospitais mediquem os pacientes já quando houver suspeita da doença, e não só os pacientes mais graves. É o que todo o país deveria estar fazendo.



Aqui em Santa Catarina não havia casos de morte até poucos dias atrás e agora instalou-se o medo. Muita gente está correndo para os pontos de atendimento e ficando horas na fila.



Os tais pontos de atendimento, infelizmente, em todo o país, não estão equipados para atender a população, pois não há sequer profissionais suficientes para isso. E os que estão atendendo, muitas vezes não estão qualificados, ao contrário do que se apregoa nas mídias e as pessoas acabam voltando para casa sem atendimento ou sem atendimento apropriado.



Os cuidados de higiene precisam ser tomados, sem sombra de dúvida, sempre, pois eles minimizam o risco de contaminação. Mas há casos em que não podemos evitar de estar em lugares com concentração grande de pessoas, pois precisamos pegar o ônibus, precisamos trabalhar, precisamos ir à escola.



Esta é mais uma ocasião, infelizmente, em que constatamos a precariedade da saúde neste país. Vemos o descaso e a desfaçatez de quem administra o dinheiro público e o gasta acintosamente em favor próprio, enquanto a saúde, a educação e a segurança são deixados em último plano.

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