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Quinta-Feira,9 de Janeiro

Nação

Jornal O Norte
Publicado em 09/09/2010 às 11:22.Atualizado em 15/11/2021 às 06:38.

Marcelo Valmor


Professor e articulista político



O Sete de Setembro último foi momento de reflexão sobre o Brasil e o seu espaço como nação. Afinal, o processo de independência se deu dentro do contexto da monarquia (1822), e hoje vivemos dentro de uma formação republicana.



Diante da fragmentação da América Latina, o Brasil se conservou unido graças, principalmente, à monarquia, haja vista os movimentos separatistas que pipocavam de norte a sul do país. Mas foi essa mesma monarquia que ajudou a fundar um modelo político que custou décadas de atraso para o país. Estou falando do coronelismo. Alguns afoitos podem argumentar que esse sistema perdurou na Primeira República (1889-1930). E não estariam de todo errados, se não fosse o fato de que suas bases foram plantadas ainda no “mandato” de Dom Pedro II.



O coronelismo afirmava o mando local, submetia todos à tutela do coronel e fragilizava o processo civilizatório brasileiro. Não havia espaços para a atuação política do cidadão, e o mundo se abria para todos como extensão da vontade privada. Essa fora a realidade política até a chamada “Revolução de 1930”, quando Getúlio Vargas atacou o antigo modelo e, de posse de forte componente autoritário, pos abaixo o poder local, ampliou as bases do Estado e industrializou o país.



Foi dentro desse movimento que a classe média se expandiu. Afinal, quando o Estado se amplia, ele tende a trazer para si o elemento básico desse agrupamento social. O profissional liberal (médico, professor, engenheiro, advogado, dentista) passa a integrar e colocar em prática essa ampliação. E é a esse grupo que se servirá todos os modelos econômicos, notadamente aqueles de forte apelo consumista.



Apesar de não ter conseguido substituir todos os símbolos monárquicos (a presença de palácios, por exemplo), a república resgatou o cidadão no lugar do súdito, fez do rodízio no poder um local de oportunidade de escolha e não de imposição, e transformou o mérito em valor maior do que o critério de nascimento.



Atualmente assistimos ao encerramento do governo Lula ainda com graves problemas sociais. Mas nem de longe se comparam aqueles herdados de décadas passadas. Afinal, melhor do que um novo emprego, melhor do que o bolsa família é o sujeito se sentir parte de projeto, extensão de uma comunidade. Só a partir dessa constatação é que podemos discutir um pouco o conceito de nação.



Aqui é desnecessário citar autores que discutem o termo, bastando explicá-lo. Portanto, o conceito de nação sempre nos remeteu a três características. Ele se definiria a partir de uma base territorial específica, uma língua em comum assim como um passado também. Mas um novo elemento há de ser acrescentado. Estou falando de um destino comum. Foi assim na formação dos Estados Unidos da América. O destino de um é o destino de todos.



Por aqui, nas comemorações dos setes de setembros, notamos a ausência cada vez maior da elite e a presença regular das massas. O povão é nacionalista e a elite não? Claro que não. A construção da nação pela elite pressupõe a sua presença para dar validade aquilo que propaga sob a forma de ideologia. Mas ao mesmo tempo a chama para a responsabilidade. Afinal, o destino dela depende do destino de todos. Ou eu estou errado?

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