Férias no paraíso
Era pouco mais de cinco horas da tarde do último sábado. No shoping Galerias Pacifico, o mais caro e luxuoso da capital argentina, uma cena chamou a atenção de um casal de turistas brasileiros. De uma imponente loja sai uma mulher de cabelos curtos e cara amarrada. Logo atrás, no seu encalço, um homem alto, magro e barbudo, que carrega pelo menos cinco pesadas sacolas. Foi desfeito o mistério. Alheio a todos os problemas enfrentados pela sexta maior cidade de Minas, o prefeito Athos Avelino e sua mulher, Vera, começaram 2007 em “merecidas” férias em Buenos Aires, a belíssima e cara capital portenha.
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Vaias internacionais
Um casal de Montes Claros que presenciou a cena não resistiu á tentação de me contar, com detalhes, a passagem do prefeito e de sua mulher pelo belíssimo shoping. Ficaram impressionadas pela aparente tranqüilidade que ostentavam, mesmo não tendo pago o décimo terceiro do funcionalismo, e de terem deixado a cidade em verdadeiro estado de abandono. Era como se tudo estivesse as mil maravilhas.
E o casal que me contou o episódio confessou que não resistiu á tentação: Ensaiou uma pequena vaia em solo argentino, que, embora não tenha sido ouvida pelo prefeito, deixou os indignados montes-clarenses mais aliviados. Vaias internacionais.
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Viagem cara
Sem décimo terceiro e sem receber os salários de dezembro até hoje, certamente nenhum outro funcionário da Prefeitura de Montes Claros teria o mesmo privilégio de curtir férias tão luxuosas como as do prefeito e da prefeita. O custo é alto. Passagens de ida e volta entre Belo Horizonte e Buenos Aires saem por 2 mil 153,06 reais, ou seja, 4 mil 306,12 para o casal. A diária de casal em um hotel quatro estrelas, como o Marriott Plaza, sai por 175 dólares. Em 10 dias as diárias consomem 1.750 dólares, ou 3 mil 955 reais. Só com passagens e diárias chega-se a cerca de 8 mil e 300 reais.
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Décimo terceiro?
Pelo volume de sacolas carregadas pelo prefeito, as compras feitas em uma tarde no Galerias Pacifico, o shoping mais sofisticado de Buenos Aires, não ficariam por menos de 2 mil reais, me garantiu o casal amigo que assistiu á cena. Somando-se a estas despesas gastos como aluguel de veículos, almoços e jantares em bons restaurantes, entradas para teatros, cinema e casas de tango e lembrancinhas para amigos e parentes, dificilmente 10 dias “vip” na capital portenha sairia por menos de 15 mil reais. Como o salário do prefeito gira em torno de 11 mil reais, a pergunta é inevitável: “será que ele recebeu o décimo terceiro salário?”
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Dançando tango
Enquanto o prefeito se esbalda dançando tango em Buenos Aires, por aqui, quem dança são os funcionários públicos e a população em geral, que se sente órfã como nunca aconteceu na história recente da cidade. A uma enorme legião de descontentes acrescentem também centenas de estagiários contratados pela Prefeitura para participar de programas mantidos pelo Governo Federal. Apesar do repasse vindo de Brasília estar normal, os estagiários não recebem há 3 meses. Como geralmente atuam em bairros distantes da periferia da cidade, custeiam as passagens de ônibus do próprio bolso. Estão pagando pra trabalhar.
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Fornecedores a ver navios
Infelizmente não são apenas os funcionários públicos e os moradores dos bairros de Moc que não conseguem ver a cor do dinheiro, ou dos investimentos da desastrosa administração de Athos Argentino. Perdão, Avelino/image/image.jpg?f=3x2&w=300&q=0.3"center">..................................
Dinheiro não falta
A falta de dinheiro por si só não é desculpa para justificar o desgoverno que se instalou na nossa amada cidade. É só fazer as contas. O orçamento de Montes Claros para 2007 é de 406 milhões de reais. Se dividirmos esta dinheirama pelos 365 dias do ano, vai dar mais de 1 milhão e 100 mil reais por dia, contando domingos e feriados. Se descontarmos os salários do funcionalismo, sobra no mínimo meio milhão de reais para ser gasto por dia. Dá pra comprar mais de 20 carros zero por dia. Fica difícil entender como o alcaide vive chorando a falta de recursos pra justificar o fato de não estar fazendo nada. Onde está o dinheiro?