Gilson Nunes
Jornalista
A política e a cultura de Montes Claros parece caminharem por horizontes diferentes: enquanto as artes – cênicas, musicais, plásticas etc. crescem e evoluem com qualidade, a política simplesmente parou no tempo e no espaço.
Montes Claros tem revelado ícones de alto relevo no campo das artes: Darci Ribeiro, Tino Gomes, Beto Guedes, Grupo Agreste, Raízes, Aroldo Pereira, Jackson Antunes e tantos outros que, por ironia do destino, não moram mais aqui. Na política, ao que tudo indica, não é bem assim. A Formiga parece ter ficado no esquecimento no campo político. Em conversa com a sociedade, o nome de Toninho Rebello ainda é aclamado como o verdadeiro estadista, ou melhor, municipalista. Fora ele, mais ninguém é lembrado.
Na edição do dia 10 deste mês, aqui mesmo em O NORTE, escrevi um artigo - Serviço medíocre - que fala dos péssimos serviços prestados por alguns bancos: ridículo. Assim como os bancos, a cidade também carece de melhorias. O trânsito é caótico, não existe uma política de conscientização para controlá-lo. A sociedade não consegue se locomover, as faixas de pedestre não são respeitadas. Não se sabe se o ciclista é em maior número que os carros, e quem tem a preferência. O que fazer e como fazer para resolver essa situação? eis a questão.
Enquanto isso, por outro lado, a cultura popular é destaque: no campo da literatura, o Psiu Poético a cada ano vai se deslanchando em qualidade; o dramaturgo, jornalista e advogado Reginauro Silva está escrevendo, com maior eficiência, suas peças teatrais: vem aí Viadagem. Na música, Charles Boa Vista retorna com força, compondo belas canções, sem contar que tantos outros grupos surgem com força e entusiasmo.
Embora não esteja morando mais em Montes Claros, nasci e cresci aqui, quero o melhor para esta nossa terra, para nossa gente. Quero que a política e a cultura caminhem juntas, harmonicamente, valorizando nossas tradições, nossos padrões e costumes. Que os conflitos culturais, embora por vertentes diferentes, dêem as mãos.
Por ser Montes Claros uma das mais promissoras cidades de Minas Gerais, quero ter o orgulho de chegar aqui e poder lembrar, com esmero, cancioneiros e seresteiros como Nivaldo Maciel, falar do progresso que o político X fez lembrar Toninho Rebello...
Montes Claros não pode, e nem deve viver apenas de sonhos, ou de uma imaginação ilusória. Enaltecer Montes claros, é amar, não somente a terra Natal, mas honrar uma Minas Gerais, cujas tradições ultrapassou todos os limites geográficos brasileiros e até fronteirísticos. Quem ama, constrói e conserva. Vamos mudar essa situação? Vamos cobrar mais.