Logotipo O Norte
Quarta-Feira,24 de Dezembro

Meu primeiro álbum da Copa

Por Cinthya Oliveira

Jornal O Norte
Publicado em 17/06/2014 às 23:13.Atualizado em 15/11/2021 às 16:52.

* Cinthya Oliveira

Tive pastas com papéis de cartas, caixas lotadas de revistinhas da Turma da Mônica e, obviamente, muitos álbuns de figurinhas na infância. Mas nenhum referente a alguma Copa do Mundo, afinal, isso era coisa de menino. A mim, restavam os cachorrinhos fofos, as garotinhas fofas, as figurinhas brilhantes. Nos anos 80, o espaço entre meninos e meninas era bem definido.

O desejo de comprar um álbum de figurinhas da Copa do Mundo só surgiu há dois meses. Não sei bem se fui influenciada pelos colegas de trabalho, pelo fato de o Mundial ser realizado no meu país ou pela vontade de mostrar à minha filha o prazer de ser colecionador. Talvez um pouquinho de tudo isso.

Controlar o desejo de completar o álbum não foi tarefa fácil. Comprava pacotinhos diariamente e não aguentava esperar chegar em casa – já os abria dentro da estação do metrô. Meus horários de almoço foram dedicados muitas vezes a verificar as figurinhas repetidas de colegas de trabalho. “Que vício!” foi a frase que ouvi repetidamente no trabalho e em casa.

Melhor foi saber que esse é um vício compartilhado. Cheguei a convocar três amigas para um almoço de domingo em Santa Tereza para trocarmos nossas figurinhas e, para nossa sorte, uma moça da mesa de trás também estava com seu álbum. Éramos quatro mulheres envolvidas com suas figurinhas, algumas apaixonadas por futebol, outras pelo prazer de colecionar. Agora adultas, podemos usufruir de certa democratização de gênero.

A diversidade ficou mais evidente na movimentada banca de revistas localizada em frente ao colégio Arnaldo, ponto de encontro de muitos marmanjos de diferentes idades e classes sociais. Eram estranhos interagindo de forma totalmente harmônica e bem-humorada no intervalo do expediente.

Mas o mais divertido tem sido ver as “minhas figurinhas” participando do Mundial. Nem bem começam os jogos, já reconheço os rostos da maioria dos jogadores. Especialmente Pierre Webó, atacante de Camarões, dono do número 106. A minha figurinha derradeira, que veio parar nas minhas mãos dois dias antes de a Copa começar. Naquele momento, fui tomada por uma felicidade meio inexplicável, depois substituída por uma sensação de orfandade. Faço um novo álbum?

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por