Meio ambiente e a convenção do clima

Jornal O Norte
Publicado em 10/01/2008 às 10:50.Atualizado em 15/11/2021 às 07:22.

Da Agência Estado



Toda vez que se fala da Convenção do Clima na imprensa, fala-se também em desastres do meio ambiente. Efeito Estufa, gás carbônico em excesso na atmosfera, são sinônimos de desastre. Desastres naturais climáticos, principalmente enchentes, que causam enorme destruição são o transtorno visível mais direto que se usa como ameaça para tentar convencer aqueles que não querem passar a adotar processos energéticos mais limpos (e mais caros). O que há de verdade nisto tudo? Afinal, aquecimentos e resfriamentos do planeta não são novidades. Quem não ouviu falar das eras glaciais, por exemplo? Por que agora deveria ser diferente?



A resposta é que as mudanças passadas foram naturais, e agora, o efeito é artificial, causado pelo Homem, e o resultado de modificar o efeito estufa, de contribuir artificialmente para um aquecimento do planeta, pode trazer resultados que são uma grande incógnita. Não se sabe ao certo o que pode acontecer. Os estudos ainda não são totalmente unânimes em prever os resultados. Mas uma coisa é certa. Vai ser um processo destrutivo que pode trazer enormes prejuízos para todos.



Reduzir o efeito estufa é possível, mas passa a ser um problema econômico. Adotar processos de geração de energia mais limpos, e sem emissão de gás carbônico, custa caro, e poderá afetar a economia dos países, principalmente aqueles que precisam investir mais porque poluem mais. O Congresso Americano nomeou uma comissão para estudar o assunto. O presidente da comissão, deputado James Talent é dos que acreditam que as mudanças observadas até o momento não justificam ação alguma que requeira grandes gastos públicos. Acredita que a implementação do Protocolo de Kyoto, por exemplo,  diminuiria em 2,5% o Produto Interno Bruto (PIB), com um aumento no custo do litro da gasolina em 17 centavos de dólar. Em outra estimativa publicada em um relatório da Casa Branca, de julho de 1998, está prevista uma redução de 0,1 % do PIB, - com gastos anuais de 7 a 12 bilhões de dólares (só para comparar, o orçamento anual da NASA é de 14 bilhões de dólares), nos anos de 2008 a 2012 – com um aumento de 1 a 1,5 centavos de dólar por litro de gasolina. Considera-se portanto, neste grupo de analistas, q2ue o impacto econômico do Protocolo é demasiadamente grande, para uma base científica demasiadamente questionável.



O resultado das convenções do Clima, que já ocorreram no Rio em 1992, em Kyoto em 1997, e em Haia, em 2000 foram grandes fracassos? Não há entendimento entre países “poluidores” e países em “desenvolvimento”, porque ninguém quer pagar a conta. A proposta básica é que os países mais industrializados paguem mais para que países ainda com menos indústrias não poluam tanto quanto os primeiros. Mas a conta seria grande e não há acordo. Esta situação contrasta com a experiência semelhante que ocorreu com o problema da Camada de Ozônio, para a qual o Protocolo de Montreal, assinado em 1987, representou um marco de sucesso que deu fim à produção de produtos químicos destruidores do ozônio na estratosfera. E porque deu certo com o ozônio e não com o clima? Em boa parte porque a conta para salvar a camada de ozônio não foi paga por governos, e sim pela indústria. Algumas das grandes indústrias multinacionais, em vários países, foram convencidas do que deveria ser feito, e fizeram, mesmo com prejuízos colossais. Os governos, que estão sendo envolvidos na questão do clima, não são tão sensíveis e flexíveis e de imediato não querem pagar nenhuma conta.



O senado americano também não é favorável. Em recente audiência pública o senador Frank Murkowski, como vários de seus pares, adotou a estratégia de apoiar a necessidade de uma Convenção do Clima a nível global, mas afirmando ao mesmo tempo que o que foi proposto até agora, é contra os interesses dos Estados Unidos. O departamento de energia dos Estados Unidos produziu o relatório “Impactos do Protocolo de Kyoto sobre o mercado de energia dos Estados Unidos e atividades econômicas” onde prevê um aumento do custo da gasolina e de eletricidade no ano de 2010. Assim, a proposta passa a ser inviável.

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