Jeny Canela Perosso

A leitura é, inquestionavelmente, uma das praticas sociais mais importantes e decisivas para a formação política e humana das pessoas, mormente porque através do ato de ler aprende-se a viver experiências do outro, numa troca de saberes imprescindível também para a incorporação de princípios  ásicos essenciais à vida. E para a capacidade de estabelecer relações e de conviver de maneira mais harmônica e saudável com os conflitos, com o semelhante, com o meio ambiente e consigo mesmo na medida em que a leitura fomenta uma deliciosa intimidade com o livro, com a literatura e com o conhecimento e favorece, ao mesmo tempo, a capacidade de pensar, de repensar, de rever conceitos e de transformar num caminho que pode conduzir para a leveza de desdobramentos favoráveis.

Ressalta-se que princípios como solidariedade, cooperação, equidade, co-responsabilidade e respeito esgarçados pela prevalência de uma competitividade acirrada instigadora da vaidade excessiva que se aproxima, as vezes, da deslealdade e distancia as pessoas da essência destes valores que alicerçam a formação humanística podem, sim, ser resgatados também com o habito  da leitura e podem contribuir para perspectivas de melhor aceitação de nossas próprias limitações, do outro e das diferenças. Considerando-se que a referida pratica traz excelentes possibilidades para o discernimento e para o desfrute e tem, ao mesmo tempo, os deliciosos propósitos de informar, de emocionar e de contribuir para a formação critica.

É fundamental, portanto, que a escola promova ainda com mais intencionalidade e ousadia, a criação e o incremento de contextos de leitura onde o professor possa incorporar-se da importância da referida pratica e passar a ler cotidianamente para os alunos, numa efetiva e eficaz postura de modelo de leitor que tende a motivar e seduzir para as delicias que podem advir do habito mais frequente da leitura.

Nessa perspectiva, é preciso atentar para o fato de que se aprende a gostar de ler e que a leitura é fundamento primeiro também para a pratica da escrita que precisa ser desnudada de uma complexidade exagerada que existe em torno da mesma e que não é procedente uma vez que se aprende, igualmente, a apreender e a gostar de escrever.

A presente reflexão sugere a necessidade de considerarmos o fato de que o habito mais frequente da leitura garante a familiarização com os aspectos linguísticos que configuram o dialeto de prestigio ao qual todos têm o direito de ter acesso. Isso sugere ainda, uma outra reflexão importante qual seja a de que não podemos priorizar qualquer dialeto como inferior ou superior, tanto no que se refere a fala quanto a escrita.

Contudo, é fundamental ressaltar o valor político e social do dialeto considerado de prestigio que pode constituir-se em instrumento de participação e de cidadania. E cabe a escola faze-lo, sem negar a importância e o valor dos vários dialetos trazidos nos espaços de sala de aula que refletem, dentre outros aspectos, a enormidade territorial do nosso pais e a riqueza das culturas de onde originam os mesmos que revelam a boniteza e a riqueza das diferenças a serem  trabalhadas e valorizadas igualmente.

Por todos estes aspectos precisa ser disseminado, ainda com mais veemência, pelos pais ou responsáveis, pelos professores, pelas escolas e universidades atentos, pelas associações, como desafio gostoso a ser aceito por todos a deliciosa condição de disseminarmos a paixão pela leitura contribuindo para que cada vez mais, um numero maior de pessoas possa ser seduzido pelos prazeres da referida pratica sinalizadora de fluidos e intenções positivas, sobretudo na perspectiva de transformação da sociedade como se faz notadamente necessário.