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Terça-Feira,13 de Maio

Lembranças de Nivaldo

Jornal O Norte
Publicado em 14/08/2009 às 09:12.Atualizado em 15/11/2021 às 07:07.

Márcia Vieira



Estava trabalhando na internet e ouvia “Grupo Agreste” (...Deus te salve casa santa, onde Deus fez a morada...), quando mudando de página, li: “Montes Claros perdeu, no começo da tarde, a bela voz de Nivaldo Maciel, o seu último grande seresteiro”, postado por Raquel Chaves no montesclaros.com. Imediatamente fechei os olhos e voltei àquele final de tarde de 2008, em que visitei o seu Nivaldo na sua residência ali pelos arredores da Matriz.



(foto: ARQUIVO)


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Márcia Vieira, Dona Sofia e Nivaldo Maciel.



Sua esposa, dona Sofia, abriu o portão e num cômodo aconchegante sentamos os três: eu, ela, e sr. Nivaldo. Falamos de amenidades, do meu pai, que dele foi amigo e admirador, de músicas, futebol e do papagaio, que participava ativamente da nossa conversa. Pouco antes, já havia visitado o seu Nivaldo, noutra bela tarde, levada pelo amigo Antônio Dias, apreciador de boa prosa e boas pessoas. Em ambas as ocasiões, o papagaio não se fez de rogado e volta e meia fazia um gracejo.



Nesta segunda visita, o sr. Nivaldo me fez uma inesquecível gentileza. Cantou a “Ave-Maria” e “Elvira Escuta”, duas belíssimas canções, que na sua interpretação, ganhavam um sentido especial. De gravador em punho, não perdi a chance de registrar o momento singular. Singular era também a sua voz, como bem lembrou Raquel. Com ele chorei muitas vezes, uma delas numa apresentação de final de ano do colégio Imaculada, em que ele roubou a cena e emocionou a todos os familiares de alunos cantando a Ave-Maria.



Num outro momento ele presenteou a mim e aos ouvintes, quando conduzi um programa de rádio, conversando ao vivo via telefone e tendo ao lado a filha Clarice, que residente em Tocantins, chegava à cidade para os festejos de natal. A sua linda Clarice, herdeira da voz e talento “dos Maciel”.



O seu Nivaldo era melodia em conversas simples do dia-a-dia e não apenas cantando. Contava histórias, recordava os bons tempos de Montes Claros e dividia sua sabedoria com os mais jovens que o procuravam no seu aconchego. Não poderia morar em outro canto, senão nos arredores da Matriz, região bucólica e como ele, parte importante da história de Montes Claros. Agora, numa quase tarde de agosto, muda de endereço e vai morar nos céus. Viaja dois dias depois da irmã Leila, outro personagem da minha vida de estudante.



Do Sr. Nivaldo fica em meu coração, a voz, o semblante pacífico e as muitas emoções que me provocou. A sua família, especialmente à filha Rita e a neta Taíra, deixo meu abraço apertado e sentimento pela perda do pai e avô querido.

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