Adilson Cardoso
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Se eu lhe disser com quem ando, seu preconceito me dirá quem sou, porém, nunca poderá saber quem você é, pois sua viseira maldosa não o deixa enxergar o aleijão da sua alma. Esta frase é minha, onde faço sugestão a um coloquial obsoleto que se aprende ao nascer. Isso para lembrar que a violência que ora se alastra nas cidades e nos campos é, em alguns casos, alimentada pelo sensacionalismo dos papas do apocalipse, que sobrevivem da desgraça alheia.
Ao ver os jornais comentarem a atual situação do Bairro Chiquinho Guimarães, localizado na região Sul de Montes Claros, me veio à memória a professora Maria do Carmo, da Ong Caminhos da solidariedade, construindo nesse bairro a Casa da cidadania. A lembrança que faz sem esforço dessa educadora se dá pelo fato de que seu olhar não aborda a criatura pela crítica momentânea. Ela possui argumentos históricos sociais para dizer que o considerado marginal é produto do meio, como citou Karl Marx, que as formas de lidar com situações adversas precisam ser mais planejadas, para que os protecionismos midiáticos não deixem chagas incuráveis.
Segundo Maria do Carmo, estigmatizar não ajuda, fugir também não resolve. O sistema precisa achar meios de estancar a hemorragia que ele mesmo provocou. A falta de inclusão é fruto da má distribuição de renda, a desorganização do espaço e a deficiência educacional.
Mudar um perfil assim não acontece da noite para o dia. Polícia na escola apenas esconde o problema. É necessário um profissional com perfil de educador preparado para lidar com essas situações. Vamos trabalhar a família para que os pais sejam realmente formadores desses indivíduos que se encontram nessas adversidades.
O Chiquinho Guimarães agrega diversas tendências, pessoas oriundas de locais distintos, grande parte importados pelas políticas agrárias de opressão ao pequeno agricultor. Surge parte do bairro com a invasão de um curral de animais e, entre 1983 e 1988, a prefeitura doou aproximadamente 500s títulos de propriedade, com o objetivo de regularizar a situação. Alguns proprietários venderam e outros vivem lá até hoje.
Um local que não se nivela pelo que é de má repercussão, pois lá têm pessoas sonhadoras que batalham para alcançar objetivos grandiosos. Artistas plásticos, pedreiros, comerciantes e mais uma incontável seleção de gente de bem, que às vezes não é lembrada quando a crítica situacionista mistura com o mal.
Assim, a professora guerreira da inclusão espera que seja o entendimento sobre como mudar o quadro geral, e clama à sociedade que acha que nada mais pode ser feito para mudar o que esta aí. Que faça sua parte, não fuja, não se esconda atrás de muros altos com cercas elétricas em alta voltagem, ou com a liberdade tolhida por excesso de segurança. Apenas ajude a concluir a Casa da cidadania, para que a arte a cultura e o desenvolvimento intelectual ditem os caminhos a seguir.