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Domingo,12 de Janeiro

Leitura sem censura - Trabalhador premiado - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
Publicado em 06/05/2008 às 15:56.Atualizado em 15/11/2021 às 07:32.

Adilson Cardoso


adilson.airon@mail.com



Na comemoração do dia do trabalho, em grande parte do país o trabalhador foi presenteado com bens materiais. Estes que variaram de caixas de bombons a carros e apartamentos. Acho interessante essa iniciativa, mostrando que pelo menos uma vez no ano esse ser responsável diretamente pelo progresso desta Nação é lembrando como peça importante. O bom seria que essa importância se prolongasse aos outros dias, se a visão de quem manda fosse um pouco mais ampla, no sentido de detectar nesse homem a necessidade da sobrevivência. É hipócrita o discurso que afirma que a satisfação de quem trabalha não está no que recebe, que esse seria fator terciário nem ao menos secundário. Infelizmente não é verdade! O trabalhador, nos dias atuais, se sujeita a diversas atrocidades no campo profissional, em nome do ganho, ou então o trabalho seria voluntário, como se pode sorrir com satisfação, tendo um emprego e morando de favores por não poder pagar um aluguel. Pagar parte das contas e mandar o filho dizer aos outros credores que não está, tudo isto é um verdadeiro atentado contra quem está em plena atividade produtiva, quem vive diariamente a desgraça da Mais Valia, como citou Karl Max.



Sem querer fazer análise histórica do problema, mas relembrando, o próprio trabalhador deixou se amarrar nessa teia de abusos e falta de reconhecimento, no movimento que derrubou os czares na Rússia, proclamando a União das Republicas Socialistas Soviéticas.O trabalhador tinha poderes e a sobrevivência era ditada pelo que produzia, o povo era o dono da produção. Porém, a ganância imposta pelo outro pólo fez com que esse guerreiro que cultivava seu próprio pão sonhasse em tomar Coca-Cola, e ajudou a derrubar o muro de Berlim.



Não faço apologia do stalinismo, que rima com ditadura, nem nas mazelas interiores que arruinaram o sistema. Quero apenas recordar o que Lênin sonhou para o operário. Assim a história seguiu, dando um nobel a Gorbatchev e uma carta de demissão a milhares de trabalhadores no mundo. Os Estados Unidos trataram de pegar o homem e transformá-lo em máquina, o que não se adaptou foi para as ruas pedir esmola, pois a máquina substitui seus serviços. A globalização chegou e trouxe consigo suas contendas, a disputa, o olho no lugar do outro e muitas doenças do mundo moderno.



No Brasil, o subemprego invade as cidades, o trabalhador fichado vê suas chances de crescer sumirem a cada reunião de balanço. Anuncia-se um aumento do salário mínimo da vergonha, os alimentos antecipam e vão além do que o reajuste pode pagar. Diminui-se o arroz e o feijão, e não se compra verdura. Andar no ônibus de um real e cinqüenta e cinco é luxo, se comprar bicicleta o operário do alheio rouba, pois a indústria do crime paga mais.



Mas parabéns a todos aqueles que sonham, que dormem gemendo de cansaço e acordam com arritmia cardíaca, pela incerteza de mais um dia.  A todos os trabalhadores, que são símbolos de perseverança, que sustentam títulos nas instituições que guiam, aos funcionários públicos que derramam suor de verdade e são injustiçados pela fama de alguns descomprometidos, e aos sindicalistas que abortam seus lazeres para lutar por justiça e igualdade. No hino revolucionário dos trabalhadores do mundo, composto em 1871, inspirado na comuna de Paris, Pierre Degeyter sobre poema de Eugenne Pottier, nos diz: “Somos o povo dos ativos, trabalhador forte e fecundo, pertence à terra dos produtivos.



O parasita deixa o mundo! O parasita que te nutres do nosso sangue a gotejar, se nos faltarem os abutres, não deixa o sol de fulgurar!

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