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Terça-Feira,10 de Junho

Leitura sem censura: Sexo santo

Jornal O Norte
Publicado em 15/01/2009 às 11:08.Atualizado em 15/11/2021 às 06:49.

Adilson Cardoso


adilson.airon@mail.com



Seu Taquinho estava  desconfiado das roupas que Belinha vinha usando, telefonemas misteriosos e presentes que chegavam sem data comemorativa alguma, o que ganhava por mês vendendo água de coco no centro da cidade era um terço do valor do celular que a filha desfilava conversando por horas e horas, o aparelho era tão sofisticado que até impressora possuía. A mãe que era agraciada com manicures e cabeleireiras, quantas vezes fosse da vontade, nada dizia e pedia o marido para largar de cisma. Mas o velho que dissera para todos e reafirmava que a linda morena de pouco mais de 18 anos era virgem e se casaria de branco na Matriz, começava a ser galhofado, pois a misteriosa fonte de renda de Belinha era ciência de alguns mais próximos. Assim não dava mais, certo dia sem mais ter o que fazer, o vendedor de água de coco resolveu pedir ajuda a um amigo frequentador das noites e tocador de violão em zonas boemias das imediações da praça de esportes, primeiro percorreu todas as bancas de jogos de bicho, depois passou pelas casas de bingos, entrou em rinhas de galos, até numa casa que cultua satanás em troca de virgindades entrou e nada de encontrar a moça. Estava quase desistindo de prestar o favor ao amigo quando lhe veio a idéia de fazer o teste da música considerado infalível, pois como disse Nori a música mostra a personalidade do ser, então pensou se for envolvida com droga vai pedir um samba de Bezerra da Silva, se for com armas vai pedir alguma coisa morro do Rio, mas se pedir a ... não quis nem pensar se fosse aquela canção que lhe impôs censura imediata. Sem querer alardear a idéia chega após o almoço e chama a moça em particular lhe pedindo permissão para mostrá-la uma música em sua homenagem, mas antes ela poderia escolher outra qualquer somente para tirar o pigarro da guela. Belinha olhou para o teto baixou a cabeça e suspirou, o coração do bandoleiro violonista lhe chutou o peito quando ela pediu A Boite Azul... canção que ele toca tanto a pedidos que quando começa a dedilhar o instrumento vai sozinho. - Não é possível! Exclamou em pensamentos que desconsertou-lhe a aparência, aquela música ele nem sequer havia mencionado no pensar, mas podia se infeliz coincidência, tocou e preparou a tocaia para seguir a filha do seu Taquinho assim que a novela das sete deu lugar a um  bando de letrinhas que sobem feito efeito visão de bêbado. Um mototáxi lá do bairro Sumaré encostou e partiu sem fazer perguntas, dando a entender que já sabia onde ir, andou em circulo despistando qualquer intenção e seguiu em frente, parou em uma casa nas proximidades da Rodoviária e voltou dez minutos depois com uma produção de miss Calçadão, maquiagem e mini saia com bolsa dourada sobre as costas, desta vez entrou em um táxi amarelo como é redundante na televisão e seguiu novamente, sendo acompanhado  imparcialmente pelo amigo do pai, depois de 30 minutos de voltas o carro para e a moça desce para entrar numa casa sem a menor suspeita ao lado de um hospital de Montes Claros. Ali era a montanha encantada de onde Belinha tirava seus tesouros, onde seus sonhos de consumo eram realizados em troca de todo o seu fogo de Gorutubana. Com um disfarce de travesti o músico de zona entrou no bordel e ainda espiou  da fechadura Belinha sob a imensa barriga de um  político da cidade. O pai quando soube da notícia foi acudido com um anti hipertensivo para conter uma pressão de 30 por 22, porém na hora da explicação da filha se recuperou das dores e até a abençoou. Segundo Belinha o sexo pago já fora considerado sagrado, pois em relatos do Grego Herótodo, no seculo 3 a.C. na Babilônia, nenhuma mulher se casava antes de passar pelo templo de Istar,deusa do amor e da fertilidade. Lá, ficava a espera do primeiro homem que lhe jogasse uma moeda.Os mais generosos jogavam três. Mas o que importa é que a mulher não podia recusar o parceiro, para os Babilônicos, a deusa ficaria muito ofendida caso a oferta não fosse aceita, e o casamento não tinha o menor futuro. Mas é claro que a esperta Belinha substitui a deusa por Deus e o pai de muita fé, disse apenas:  Discurpa pai fiinha! si Deus qué anssim faiz isso mode ocê casá cum homi bem bão! Ô minina abençuada!!

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