Adilson Cardoso
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Para começar este ano de muitas expectativas boas, quero refazer os caminhos que um dia deixei de andar por ter crescido, quando promessas absurdas me fizeram deixar de ser infantil e transformou-me neste homem doente pelas atrocidades do mundo adulto. Preciso muito rever dona Conceição, que me ensinou a fazer as voltas que sobem e descem no caderno de caligrafia, minhas primeiras experiências com a escrita, que me tomaram por seu e hoje são parte viva do que ainda sou.
Meu amigo Waldo, que desenhava os heróis e colecionava revistas em quadrinhos, me incentivou ao rabisco e assim não parei mais. Seu grande nariz, que carinhosamente chamávamos de tamanduá, desapareceu junto ao seu corpo e nunca mais tive notícia.
Dindinha, que morreu há muitos anos, ainda me faz chorar e dizer à vida o quanto é perniciosa essa tal de linha do destino, que não deixou que ela vivesse mais um tempo para conhecer Airon e amá-lo da forma que me amava, dar-lhe colo como eu costumava ganhar. Mas também ela teria sofrido comigo quando a mãe dele tirou a pele falsa que usava para se uniformizar de monstro e tirá-lo de mim.
As pessoas grandes, como disse o Pequeno Príncipe, julgam outros pelo que elas tem, quem são as influências da família e o tamanho da casa que possuem, enquanto poderiam perguntar se colecionam borboletas, se moram em meio a tijolos cor de rosa e se nascem plantas dentro da sua sala.
Quero refazer todas as minhas amizades e comprar pipas para soltar na segunda-feira, nas tardes de sábado vou correr descalço no asfalto, jogando Gaspará, ensinando as crianças de hoje que não sentem o prazer nas brincadeiras de roda e nem querem pular amarelinha, pois os computadores mostram lutas e discórdias, adrenalizando seus poderes de mangá.
Peço perdão a Papai Noel quando lhe disse que era farsante, mas o Noel negro que mora nos correios, saindo nas férias do natal para presentear as crianças pequenas e as adultas como eu. Acho que não tenho mais nada para escrever, pois toda leitura muito longa é chata para as crianças entenderem e quero que muitas entendam o que estou dizendo.
Pretendo também escrever em balõezinhos, para facilitar a compreensão, pois dentro dos jornais o mais interessante são as tirinhas. E viva 2009, com muita luz para todos nós!