Leitura sem censura - POLÍCIA SEM DIREITO - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
31/01/2008 às 11:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:24

Adilson Cardoso

Está sendo exonerado do cargo o comandante da polícia militar, do Rio de Janeiro, e mais nove oficiais. O motivo é a reivindicação salarial.  Segundo consta a matéria, no domingo houve uma manifestação a poucos metros da casa do governador Sergio Cabral. Mesmo não participando, o coronel Ubiratan Ângelo foi culpado por não ter contido a ação dos policiais, segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a responsabilidade por tais atos de insubordinação é do comando. O secretário frisou ainda que o regime disciplinar foi ferido de acordo o artigo 43, da PM.

Gostaria de pedir um dia de silêncio em nome do caos, da desgraça eminente, daquilo que temos certeza que acontecerá. Em homenagem ao medo, quero propor um brinde a burocracia estatal, aos homens que fazem as leis meus pesados pêsames, esta pátria não tem lei nenhuma! As linhas respeitadas são capciosas da barganha. Parece estarmos em refrão de Vandré "morrer pela pátria e viver sem razão", que argumentos este operário fardado  poderá usar para que sua auto-estima não se mate, antes dele tomar um tiro de fuzil no morro?  Talvez,  lhe sobre um sonho de criança de ser soldado e servir o bem, para que o mal não lhe corrompa. Na semana passada o corregedor Paulo Ricardo Paul perdeu seu cargo por escrever que os baixos salários favorecem à corrupção. O Estado vai continuar agindo assim, exonerando quem reivindica melhores salários e quem não tem mais como se calar e fala a verdade, a verdade mesmo, é que com isto o povo vai ficando cada vez mais inseguro, por saber que o homem treinado em operações especiais para todas as situações está sujeito ao convite do trafico e, como o sistema capitalista da o direito de venalidade a todo cidadão, o futuro fica a cargo da honestidade, que ficará sujeita ao barulho das latas na prateleira.

No dia 23/05/2006, Marcola, o intelectual do crime, que segundo a entrevista já havia lido 3000 livros e na época, lia  "Dante' , falou desta tal burocracia estatal e sarcasticamente deu a extrema unção : " Estamos todos no inferno, não há solução. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio de Janeiro? Solução só viria com bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governo de alto nível, vontade política, crescimento econômico e revolução na educação".

Rogamos para que neste ano de eleição, possa se abrir o leque de discussões em torno do que é legal, da nossa justiça costurada com fios obsoletos de uma constituição que já precisava ser revista, para que regimes disciplinares como estes, que anulam os direitos do homem, também fossem renovados. Somos seres dependentes da nossa condição social. A polícia por ser autoridade não foge a regra, não são super-homens pelo simples fato de possuírem patentes, é claro que há alguns que no gozo das suas faculdades pervertidas se acham na razão de tudo. A punição dos oficiais foi uma fatalidade, justo no momento em que as estatísticas apontam para o aumento na criminalidade em todos os cantos do país, policiais que estão na linha de frente são presenteados com a exoneração dos cargos, uma brutalidade institucional contra estas pessoas que deixam suas casas diariamente sem saber se voltarão, escondendo distintivos e vestimentas com medo de serem descobertos. Esposas e filhos são obrigados a se mudarem constantemente como se pertencessem a grupos nômades, tudo isto e ainda o direito de não dizer nada. O artigo feriu, o PM.

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