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Sexta-Feira,10 de Janeiro

Leitura Sem Censura - POLÍCIA SEM DIREITO II - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
Publicado em 05/02/2008 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 07:24.

· Abordo esta questão novamente, com o intuito de buscar o entendimento do leitor cidadão para o problema. Leio diariamente diversos jornais daqui e de outros Estados e, vejo que a questão da violência virou rotina. Como também virou rotina as reuniões para explicarem mais uma cicatriz na cara da Segurança Pública. Todo trabalhador precisa sentir-se valorizado em termos de remuneração salarial para cumprir bem as suas funções e, o Estado infelizmente parece não ter noção desta realidade, transformando seus servidores em fazedores de “bico”, para complementar a renda.



Durante estes dias que repercutiram o primeiro artigo, conversei com diversos policiais, além de ter recebido vários e-mails agradecendo por eu ter dito o que muitos dentro da corporação têm vontade de dizer. Deixo claro que não tenho nenhum parentesco com tais pessoas aqui da cidade ou de outro canto qualquer, sou um cidadão ativo no meio que convivo e quero fazer minha parte em nome da segurança coletiva, quero que todos saibam que estes homens que se entregam para oferecer-nos a proteção que ainda temos, vivem deprimidos endividados e aumentando a lista dos alcoólicos anônimos e, mais uma vez sem direito a reivindicar o básico para sobrevivência. Em um destes e-mails que cito um me chamou bastante atenção pela necessidade de desabafo presente nas linhas. O texto vem com o titulo “Profissionais Desmotivados” e começa assim:” O índice de criminalidade no Brasil vem crescendo assustadoramente, principalmente os praticados por menores, só para fazer uma ressalva o menor pela hipocrisia da lei não comete crime


e sim ato infracional. A sociedade Brasileira tem acompanhado o aumento da violência, sobretudo a praticada por menores, menores na idade, mas, no tocante ao porte físico... não precisa nem comentar. Existem os tais dos direitos humanos, os quais foram criados com boas intenções, pois almejam proteger a dignidade da pessoa humana, mas infelizmente, por uma questão de inversão de valores, eles estão sendo usados, para proteger bandidos. No Rio de Janeiro, uma desembargadora baixou uma nota proibindo a polícia de revistar menores de 18 anos sem a fundada suspeita, além disso, tal revista deveria ser feita na presença de um conselheiro tutelar, segundo o presidente da OAB local a medida merece aplausos, pois não tem nada mais humilhante para o adolescente que ser revistado por policiais fortemente armados. Por ironia do destino na mesma semana a polícia carioca encontrou na mochila de um menor de 09 anos uma pistola semi-automática. A maioria dos policiais está desmotivados, pois não tem apoio necessário para o


exercício do seu papel constitucional, pois um mentira do infrator vale por dez verdades do policial. A sociedade clama por paz, ordem e segurança por outro lado indiretamente contribui para o aumento da criminalidade, pelo fato de não exigir que os direitos humanos sejam usados primeiramente para proteger o cidadão de bem. Em contato com várias pessoas vitimas de assaltos, ameaças, agressões, estupro, dentre outros, perguntei se a Comissão de Direitos Humanos as procuraram para saber como ocorreu o fato, todas foram unânimes em responder que não. Existem varias pastorais, na Igreja, Pastoral Carcerária, Pastoral do Menor, por que então não criar uma Pastoral que defendam as pessoas vitimas de bandidos? A criminalidade aumentando e algumas pessoas acham que é por causa da ineficiência da polícia, mas se esquecem que na maioria das vezes nos empenhamos ao máximo para tirar o marginal do seio da sociedade e meia hora depois ele esta na rua praticando os mesmos delitos, é culpa da polícia? Por isso mesmo decidi


expor a realidade ao publico, pois já me cansei de tomar pedrada e ficar caladinho, fazendo de conta que está tudo bem, pois alguns segmentos da sociedade ao invés de apoiar nosso trabalho, ficam dando proteção a marginais. Para finalizar o que tenho a relatar é gravíssimo. É difícil de resolver, mas não é impossível, a sociedade deve deixar as diferenças de lado e unir forças para combater o crime. O infrator depois que descobriu que é protegido pelo Estado chega até a afrontar a polícia. O negócio está virando bagunça, se continuar assim daqui a algum tempo o bandido vai chegar em nossas casas nos expulsar e fazer dela o que bem entender. Assim como fazem nos guetos dominados pelo tráfico. (Texto transcrito na íntegra de um policial militar, de Montes Claros).



Este desabafo diz tudo. E mostra claramente o que aparece nos filmes sensacionalistas dos atores globais. É preciso que mudemos a trajetória desta viagem, a consciência é nossa e a vida agradece. Quero fechar com uma crítica ao editor do Hoje em Dia, Carlos Lindemberg, que no dia 01/02/2008 escreveu um artigo na sua coluna denominado Exemplos de Minas, dizendo que o Governador Sergio Cabral mexeu na estrutura da PM para recuperar a disciplina da corporação, completa ainda que agiu rápido ao ver que o Coronel Ubiratan Ângelo não estava disposto a manter a disciplina. Recorda o fato em Minas que houve um levante da PM, em 1997, o que culminou com a morte de um oficial. Ao longo da dissertação nota-se a clara intenção da apologia à exoneração dos oficiais. Penso que não é assim que vamos construir o país que sonhamos, vivendo a lei da “Mais Valia” cada vez que se abrir o contracheque.

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