Adilson Cardoso
A criatividade é a principal responsável pela evolução do universo, o homem que recebe a dádiva de beber desta fonte se diferencia dos demais, pois assume o privilégio de criador deixando seu nome gravado eternamente nas paredes da história. A criatividade dos grandes inventores às vezes passa despercebida pela rotina de parte da população e pela praticidade que o utilitário, o adorno, o veículo, o avião e etc, produzem ao ser. Porém é de bom tom voltar um pouco ao passado lembrando estas figuras, pelo menos para esquecermos que convivemos no mesmo planeta com tantas escórias do tipo: George W. Bush, Shimon Peres, Gordon Brown, Hu Chintao, Alvaro Uribe, Renan Calheiros, Fernando Henrique Cardoso e Diogo Mainardi. A pequena cidade de Juramento a 36 km de Montes Claros é a Pátria de Valdeci Veloso um técnico de Enfermagem que desde pequeno mostrou um senso criativo muito forte inventando parlendas e fazendo esculturas em toá, encontrado na beira da Barragem que é o ponto turístico do lugar. Foi muito aclamado até o dia em que um professor de Artes Plásticas de Montes Claros disse aos seus pais que sua arte lembrava o Aleijadinho grande artista barroco, conta hoje o próprio Valdeci até em tom de galhofa, que seu pai puxou um facão e só não decapitou o professor por que as pernas não alcançaram, vociferando com bravura, que Aleijado é a p.q.p. Bem, mas o técnico é o responsável de honra pela criação do cotonete , segundo o livro das criações não publicado mas atestado pelo próprio juramentense e pelos seus tios Zé Prequeté, Juca Talagada e Moacir Come Cabra, a idéia surgiu no dia em que sua tia Jerosina futucou tanto os ouvidos tentando tirar cera que acabou tirando sangue, o menino prodígio vendo aquilo pegou um pedacinho de algodão e enrolou nas pontas do grampinho, depois deste dia Juramento em peso usava o utensílio para aliviar-se das coceiras provocadas pela sujeira. Alguns até se exibiam com o instrumento no bolso aos domingos de calor e gente nova. Porém um certo turista vendo aquela forma inédita de limpar os ouvidos fotografou e vendeu aos irmãos Jhonson & Jhonson que adaptaram o algodão a uma haste de plástico mais confortável e assim o mundo todo usa o cotonete ampliando a fortuna dos irmãos, e o amigo Valdeci disto tudo resta apenas o apelido de cotonete. Em Lontra, nos anos 30, um conhecido benzedor por nome Nonô das tintas arrancava cascas de uma árvore conhecida por Noideira e misturava ao mel de Jataí. Esta mistura resultava numa tinta que era usada para escrever em diversos tipos de materiais sem perder a plasticidade, os papéis que recebiam a invenção eram expostos e a venda da tinta fazia o benzedor famoso e até comercializar já estava conseguindo. Os Jornais Paulistas da época foram os primeiros a divulgar o invento e atiçar os grandes empresários de todo o mundo a patentear o simplório Lontrino, mas o que aconteceu foi um golpe rasteiro dado pelo senhor Marcel Bich, um italiano nacionalizado francês, que induziu o moço pela fé custeando uma viagem sua para conhecer o local onde seria construído o Estado do Vaticano, sede do poder Papal nesta época, o tratado de Latrão estava sendo assinado e a Santa Igreja apertava a mão do Fascismo. Seu Nonô teve o direito de levar toda a família e quantos amigos quisesse. Segundo relatos, a cidade toda foi convidada ficando apenas João Batista o guarda noturno para vigiar as ruas desertas . Resumindo, uma semana com tudo pago na mais perfeita mordomia.O Modesto aprendiz de inventor não sabia sequer assinar o nome para atender os autógrafos inclusive ao secretário do Papa, mas usou a digital tantas vezes que perdeu as linhas até da mão esquerda voltando na carne viva. Após o passeio a surpresa: os meios de comunicação de todos os cantos do mundo anunciavam o invento que revolucionaria a história da escrita, tratava-se das canetas “Bic” com uma tinta que jamais alguém imaginou em cor e consistência, a exemplo do amigo de Juramento o benzedor morreu amarrado numa camisa de força reivindicando seu invento. De outro golpe histórico foi vítima Maria de Belarmino lá de Tocandira, pacata vendedora de biscoitos na beira da linha nas passagens do trem, nas horas vagas ela tirava uma pasta da resina do Jatobazeiro e, passava nos dentes para clarear do excesso do cigarro de palha. Era sucesso absoluto sendo encomendado até por dentistas de Monte Azul e farmacêuticos de Capitão Enéas. Porém, numa viagem de trem pelos sertões norte mineiros, dizem os comparsas que foi por acaso, mas de acordo o notável antropólogo Darcy de Campos, estudioso das comunidades criadoras, foi uma jogada de mestre. Ele sabia o que iria encontrar alí. Um ardiloso vendedor e fabricante de sabonetes, por sinal inglês de nome Willian Colgate sabendo daquela novidade e da simplicidade de dona Maria trocou duas caixas de sabonetes com desodorantes Rexona pela idéia da dona de casa, e em pouco tempo transformou a simples mistura da resina no mundialmente famoso creme dental Colgate. Maria de Belarmino não se deprimiu pois nunca soube que a pasta que escova seus poucos dente é fruto do seu invento, pelo contrário, se vangloriava dizendo ter passado a perna no estrangeiro que lhe deu tanta coisa cheirosa em troca daquele inguento de Jatobá. Só não suportou o crime de FHC quando tirou o trem de circulação, em janeiro de 1997 foi enterrada depois de se enforcar com a corda do balanço dos filhos no mesmo pé de jatobá que escorria a resina . E por aí vai...