Leitura sem censura: Bonito de Minas além da beleza - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
17/01/2008 às 11:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:23

Adilson Cardoso

Uma rua que rasga o lugar,  orgão vital de Bonito, com a prepotencia da torre estática ao vencer a ladeira, esta rua agrega os negocios e influencia no desenvolvimento.Abastece os motores que rompem o silencio natural que os pequenos lugares reivindicam, tem os bares os açougues, restaurantes, pousadas e a Escola que cede parte da sua vista exterior ao bazar das roupas, calçados e brinquedos.Também é nesta rua que funciona a Secretaria de Educação com a Igreja Assembléia de Deus em frente. A  esquerda está o “buteco do meu lindo”, figura carismática conhecida em todo “Bonito de Minas”, por enxergar esta beleza natural nas pessoas, até mesmo naquelas que são desprovidas desta dádiva. Para ele todo e qualquer ser é “meu lindo”.Ainda nesta rua um pouco abaixo fica a Igrejinha de Bom Jesus com suas paredes brancas de portas e janelas azuis, na frente uma pequena placa acusa o ano de 1939.Ao fundo percebe-se a Prefeitura Muncipal de cores suaves nos dando a impressão  de estarmos diante de uma Arte Naiff. Na frente da Igreja está a praça que também recebe o nome de Bom Jesus, larga arborizada e bastante verde, com diversas entradas que leva até a Capela, feito um labirinto capcioso aliciando o povo as  conversas com o Protetor. No sabado dia 12 a cidade viveu um grande dia, as tradicionais apresentações dos Ternos de Folia da Região, que não poderam acontecer no dia 06 que é o dia dos Santos Reis. A igreja do Bom Jesus foi palco desta magnifica mostra de devoção, que arrastou mais de mil pessoas em volta em todos os cantos da Praça e no interior da Capela, onde Dez ternos se apresentavam, sendo o ultimo O Terno de Folia dos Figueiredos, comando pelo Imperador Miguel, que é locutor de Rádio, apresentador de Rodeios e Secretário de Administração de Bonito de Minas.Ainda é Pesquisador da Folia de Reis, sendo a história da sua Familia o foco de todo o seu trabalho, já que Os Figueiredos, completaram Cento e Vinte anos de existencia. Sendo presenteados com convites para apresentações em São Paulo, o que aconteceu no inicio do mes corrente.Também tem a folia de São Sebastião, comandada pelo Imperador seu Domingos de Leite dos Santos, que está a sete anos a frente do Grupo, nos contou que iniciou com uma promessa que fez ao Santo, foi atendido e não parou mais, porém neste ano por problemas familiares não saiu, mas pede perdão ao São Sebastião e diz que ano que vem se vida estiver estará com a Folia em dia. Bonito de Minas ainda tem mais talento, ha uns trinta minutos de estrada ingreme, muita areia, um pequeno Cemitério caiado de um branco fosco no meio do nada, onde a poeira que a velocidade espalha ao léu vai mudando as cores das cruzes ali plantadas.Tem os Pequizeiros robustos que deixam cair seus frutos sob o desrespeito das rodas que esmagam deixando exalar o cheiro e o ouro pelo caminho. Até que chega no descampado no meio da selva, aprazível lugar de gente humilde de satisfação na cara, é “Serragem”, perto de São José fazendo divisa com Conego Marinho. Lá está dona Maria do Carmo a Artesã do Barro, com sua pele morena sua fala mansa e amiga e seus inimagináveis trabalhos, são Bonecas, quadros, animais e panelas, oriundos da inspiração e da perseverança. Dona Maria nos mostrou como ela sai em busca do Barro, passando por baixo de arames, descendo barrancos e futucando corregos. Em um pequeno forno no quintal ela queima as peças, sem sonhos mais arrojados a Artesã quer apenas fazer cursos para aprimorar a tecnica e, expor seus trabalhos. Ao seu lado de cabelos esbraquiçados seu Zé, o esposo que não sabe nem tem paciencia para fazer a Arte, da força e sente orgulho da mulher. Bonito de Minas é isto, sonho devoção, Arte e vontade de aprender de crescer, O Projeto Unimontes Solidária que nos deu a chance de viver esta Simbiose,volta amadurecido quem já teve contato com esta realidade fortalece ainda mais os conceitos de cidadania, quem foi a primeira vez volta com a sensação de dever cumprido e um nó sufocante na garganta, por ouvir tanto obrigado e não entender por que uma gente tão aprazível e carinhosa tem um dos piores IDHS do Estado.

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